A cada dez profissionais que receberam seus diplomas entre 2019 e 2020, cinco estão sem trabalhar e 28% deles desempregados há mais de um ano. A informação faz parte de uma pesquisa com 8.465 brasileiros realizada pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios).
A Pesquisa mostra que apenas 14,87% dos recém-formados que pegaram o diploma em 2019 e 2020 conseguiram vagas nas suas áreas de formação após três meses da formatura.
Enquanto a taxa de desemprego no Brasil era 13,9% no último trimestre de 2020, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 29,8% dos jovens entre 18 e 24 anos —inclusive os recém-formados— estavam desempregados.
Motivado por este indicador, o Nube realizou sua pesquisa entre recém-formados, e constatou: “52,12% afirmam não estar trabalhando” —27,8% sem emprego há mais de 12 meses. A notícia não anima nem os profissionais já inseridos no mercado de trabalho: apenas 20% deles “executam atividades pertinentes as suas profissões”, indica o estudo.
“Entre os exemplos apontados na pesquisa, estão administradores atuando como operadores de caixa, cozinheiros e até mesmo pedagogos exercendo funções de faxina ou acompanhante de idoso”, diz o Nube.
Contadores e advogados como frentistas, designers de games como auxiliares de crédito imobilitário e enfermeiros como cabeleireiros. Há quem se formou em letras na função de porteiro e nutricionistas como babás ou manicures. Um engenheiro elétrico está trabalhando como motorista de aplicativo e outro engenheiro mecânico é motoboy
Há dois anos, diz a pesquisa, 27% dos brasileiros conseguiam ingressar em suas áreas em menos de três meses após a formatura. Hoje, somente 15%.
“É preciso criar mecanismos para aproveitar todos esses talentos com mão de obra qualificada. Não podemos deixar de lado esse conhecimento”, afirma Seme Arone Junior, presidente do Nube.
Embora 60% dos participantes tenham estagiado durante a faculdade, 65% deles relataram exigência de experiência prévia por parte das contratantes.
Para o especialista, “o estágio é uma excelente fonte de capacitação”, mas “com a economia incerta”, o jeito é “também fazer cursos extracurriculares, construir um bom networking [rede de contatos profissionais] e aproveitar todas as chances para aprender sobre sua carreira”.
Segundo a pesquisa, porém, 11% já desistiram de procurar emprego “por conta da pandemia”.
“O momento é extremamente complexo, mas é preciso erguer a cabeça, porque com o avanço da vacinação no país, a economia vai, aos poucos, melhorando”, diz o Arone Junior, que aconselha: “não entreguem os pontos”.