A força de trabalho brasileira, além de ser a segunda mais ansiosa do mundo, está na segunda colocação em casos de depressão. De acordo com pesquisa da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), o Brasil também é o segundo país com os trabalhadores mais estressados.
De acordo com o estudo, 72% dos brasileiros estão estressados no trabalho, evidenciando um cenário preocupante em relação à saúde mental dos trabalhadores do País.
Segundo a presidente da ISMA-BR, Ana Maria Rossi, o estresse não é necessariamente algo negativo, pois é uma resposta natural do organismo humano. No entanto, é fundamental compreender a distinção entre o estresse positivo e o negativo, buscando formas conscientes de gerenciá-lo de maneira eficaz.
“Não podemos dizer que o estresse é algo ruim e a ser combatido, ele é natural no próprio organismo do ser humano. O que precisamos entender é que existe o positivo e negativo e que há formas conscientes de gerenciar melhor o estresse”, explicou Ana Maria.
Além disso, a pesquisa também revelou que 32% dos brasileiros estão sofrendo da síndrome de burnout, um esgotamento profissional pode atingir todas as esferas de trabalhadores que pode levar a problemas de saúde mental mais graves. Para o psiquiatra André Bend, o gerenciamento do estresse é fundamental para promover a vida.
“O gerenciamento do estresse no cotidiano de nossas vidas é uma das maiores habilidades socioemocionais que podemos estimular que seja desenvolvida, desde criança nas escolas e nos ambientes de trabalho. A busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a promoção de práticas de autocuidado e a criação de ambientes de trabalho que valorizem o bem-estar dos funcionários são passos cruciais para combater os níveis excessivos de estresse e suas consequências prejudiciais”, enfatizou.
Burnout x estresse
Para que não haja uma banalização do burnout como se fosse um mero evento de estresse é importante entender exatamente o que é a síndrome, pontua o psicólogo Antonio José de Carvalho, autor do livro Síndrome de Burnout, uma Ameaça Invisível no Trabalho, que será lançado na próxima quarta-feira (13), na Livraria Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro.
Carvalho explica que o burnout é uma síndrome relativamente moderna, dos anos 70. Diferentemente do estresse, que se dá de forma corriqueira, porém não de forma persistente, o burnout é uma condição de estresse acumulado, crônico. O psicólogo faz a comparação com um elástico de prender dinheiro para ilustrar a diferença.
“Se você puxar o elástico, e ele ainda estica e volta, não perde essa condição, isso é estresse. Quando você puxa o elástico, e ele fica deformado e não volta mais, você pode dizer que a pessoa está com burnout”, explica.
“O burnout não acontece de um dia para o outro, é um estresse acumulado que pode levar à depressão e que sugere um comportamento suicida”, alerta.
Síndrome invisível
O especialista aponta entre um dos fatores para desencadeamento da síndrome uma jornada de trabalho que expõe o trabalhador a um alto nível de estresse por tempo prolongado. Para ele, apesar do alastramento de casos em empresas, o burnout ainda se comporta como um problema “invisível”.
“Se a pessoa quebra um braço, todos na empresa percebem o problema. Mas se o problema é psíquico, fica mais difícil de reconhecer, então é invisível e muitas vezes tratado incorretamente como um problema individual”, pontua.