Em outubro o custo do conjunto de alimentos essenciais no Vale do Ivaí, denominado de Cesta Básica, subiu 6,52% % em relação a setembro, fechando em R$ 631,33. Em relação ao mesmo período do ano passado houve uma alta de 19,38%, quando o custo da cesta estava em R$ 528,82. No ano, a alta foi de 6,11%. Essa pesquisa foi realizada pela equipe econômica da Radio Jandaia, tendo Viviane Machado como pesquisadora responsável.
Não se deve confundir cesta básica com inflação. A primeira, é composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, e que foram definidos pelo Decreto 399 de 30 de abril de 1938, que continua em vigor. Já a inflação é muito mais abrangente, pois inclui todas as despesas com produtos e serviços que uma família consome durante um mês, incluindo os gastos com alimentação e bebidas, habitação, educação, vestuário, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais, transportes, comunicações e artigos de residência.
Dos produtos pesquisados em outubro e que compõe a cesta básica, 04 subiram preços, 01 teve redução e outros 08 não sofreram alterações. A maior alta foi do tomate (+) 50,85%, seguido da batatinha (+) 42,09%, da banana (+) 39,44% e do café em pó (+) 4,07%. Teve queda em seu preço a carne bovina em (-) 4,15%. Não sofreram alterações de preços no mês o leite, o feijão carioca, o arroz agulhinha, a farinha de trigo, o pão francês, o açúcar refinado, o óleo de soja e a manteiga.
Em nível nacional, O preço da cesta básica voltou a subir em outubro, em 16 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, chegando a passar de R$ 700.
A cesta mais cara foi a de Florianópolis (R$ 700,69), seguida pelas de São Paulo
(R$ 693,79), Porto Alegre (R$ 691,08) e Rio de Janeiro (R$ 673,85). Entre as capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta tem algumas diferenças em relação às demais cidades, Aracaju (R$ 464,17), Recife (R$ 485,26) e Salvador (R$ 487,59) registraram os menores custos.
Até setembro, o preço ainda não tinha chegado a R$ 700 em nenhuma capital do país. A mais cara era a de São Paulo: 673,45.
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Preço médio da cesta básica em outubro, por capital — Foto: G1 economia
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Horas de trabalho para adquirir a Cesta Básica no Vale do Ivaí
Conhecido o valor da cesta, é possível efetuar o cálculo das horas que o trabalhador, que ganha salário mínimo, precisa trabalhar para a sua aquisição. Para isso, divide-se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição (220 hs/mês, desde outubro de 1 988).
Assim, o trabalhador do Vale do Ivaí que ganhou um salário mínimo (R$ 1.100,00), precisou trabalhar 126,27 horas por mês, apenas para adquirir os produtos da cesta básica, consumindo o equivalente a 63,05% de sua renda líquida.
Salário Mínimo Necessário
A constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, define o salário mínimo como aquele fixado em lei, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,… (Constituição Federativa do Brasil, art. 7″ – IV).
Para calcular o salário mínimo necessário, considerando o preceito constitucional, e levando-se em conta a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Dieese, a alimentação representa 35,71% das despesas das famílias. A família considerada para o cálculo é composta por 2 adultos e 2 crianças, que por hipótese, consomem como 1 adulto.
Aplicando-se essa metodologia com base no custo da cesta básica no Vale do Ivaí (R$ 631,33), o valor do salário mínimo necessário para que um trabalhador pudesse sustentar sua família deveria ser de R$ 5.303,81, muito distante da realidade e uma utopia para os nossos dias atuais. O valor é 4,92 vezes o salário em vigor.. Essa mesma família gastaria R$ 1.893,99 somente com as despesas com alimentação.