Após 35 semanas seguidas de aumento, os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de alta para a inflação de 2020. Também passaram a prever uma alta menor do nível de atividade e um crescimento mais intenso do juro básico da economia no próximo ano.
As informações constam do relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Banco Central (BC). Os dados foram colhidos na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
De acordo com o BC, a projeção dos analistas para a inflação de 2021 recuou de 10,18% para 10,05%. Se confirmada a previsão, será a primeira vez que a inflação atinge o patamar de dois dígitos desde 2015, quando somou 10,67%.
O centro da meta de inflação em 2021 é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Portanto, a projeção do mercado equivale a mais que o dobro da meta central de inflação.
Para 2022, o mercado financeiro manteve estável em 5,02% a estimativa de inflação. Com isso, a inflação segue acima do teto do sistema de metas para o ano que vem. A meta central de inflação para 2022 é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar entre 2% e 5%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, a Selic.
Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA ficou em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Produto Interno Bruto
Além de uma alta maior na inflação, o mercado financeiro também baixou a previsão de crescimento do PIB deste ano, que passou de 4,71% para 4,65%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Para 2022, o mercado reduziu a previsão de alta do PIB de 0,51% para 0,50%. No começo deste ano, a previsão dos analistas era de uma alta de 2,5% para a economia no próximo ano. A expectativa começou a ser revisada para baixo somente em setembro.
O Ministério da Economia insistiu, no mês passado, em manter a previsão de crescimento do PIB de 2022 acima de 2% alegando que isso se deve à “melhora no mercado de trabalho e no investimento privado, principalmente em infraestrutura”.
Taxa de juros
O mercado financeiro elevou a expectativa para a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 11,25% para 11,50% ao ano no fim de 2022, o que pressupõe alta do juro básico da economia no próximo ano.
Em outubro, o BC elevou a taxa Selic para 7,75% ao ano. Foi a sexta elevação seguida. Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa subiu para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Em agosto, a taxa subiu para 5,25% ao ano e, em setembro, foi elevada para 6,25% ao ano. Na última semana, a taxa avançou para 9,25% ao ano.
Outras estimativas
- Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2021 subiu de R$ 5,56 para R$ 5,59. Para o fim de 2022, permaneceu em R$ 5,55 por dólar.
- Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2021 recuou de US$ 60,3 bilhões para US$ 59,9 de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado caiu de US$ 63 bilhões para US$ 55,80 bilhões de superávit.
- Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano subiu de US$ 50 bilhões para US$ 52 bilhões. Para 2022, a estimativa cresceu de US$ 56,80 bilhões para US$ 58,10 bilhões.
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