O Banco Central reduziu as previsões de crescimento da economia brasileira neste ano e em 2022, e elevou de 8,5% para 10,2% sua estimativa de inflação para o ano de 2021, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A expectativa, que consta no relatório de inflação do quarto trimestre deste ano, considera a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio neste ano e no próximo.
Com isso, a instituição admitiu oficialmente que a inflação ficará acima em dois dígitos (acima de 10%) pela primeira vez desde 2015 — quando somou 10,67%.
As previsões revisadas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) passam a ser as seguintes:
- PIB em 2021: caiu de 4,7% para 4,4%;
- PIB em 2022: caiu de 2,1% para 1%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
No ano passado, o PIB registrou queda de 4,1%. Entretanto, em 2021, o crescimento econômico tem sido freado pelo aumento da inflação e da taxa básica de juros, que atingiu 9,25% ao ano — o maior patamar em mais de quatro anos.
O BC também confirmou novamente que a meta não será cumprida neste ano, algo que já tinha acontecido em setembro deste ano. Quando isso acontece, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
O centro da meta de inflação, em 2021, é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do BC está bem acima do teto do sistema de metas.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia. Atualmente, a taxa Selic está em 9,25% ao ano, o maior patamar em mais de quatro anos.
Entre outros pontos, o BC avalia que a alta da inflação neste ano é resultado:
- Do significativo aumento dos preços de “commodities” (produtos básicos com cotação internacional, como alimentos, minérios e petróleo, que impulsiona o preço dos combustíveis);
- Da crise energética, por meio dos seus efeitos nas bandeiras tarifárias, o que representou nova onda de choque de custos na economia. Até outubro, a tarifa de energia elétrica residencial cresceu 19,13%.
- propagação dos preços via inércia inflacionária;
- Alta do dólar, que eleva o preço de produtos e insumos importados.
Próximos anos
Para 2022 e 2023, no cenário de mercado (Selic e câmbio projetados pelos bancos), o Banco Central projetou uma inflação de, respectivamente, 4,7% e de 3,2%. Em setembro, a instituição estimava que o IPCA ficaria, respectivamente, em 3,7% e em 3,2%.
No ano que vem, a meta central de inflação para o ano que vem é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Em 2023, o objetivo central é de 3,25%, com um piso de 1,75% e um teto de 4,75% por conta do intervalo de tolerância existente.