Em dezembro o custo do conjunto de alimentos essenciais no Vale do Ivaí, denominado de Cesta Básica, recuou 3,67% em comparação com novembro, fechando seu valor em R$ 577,55. No ano a queda foi de 2,91%, quando o seu custo, em dezembro de 2020, estava em R$ 594,98.
Essa pesquisa foi realizada pela equipe econômica da Rádio Jandaia, tendo Viviane Machado como pesquisadora responsável.
Não se deve confundir cesta básica com inflação. A primeira, é composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, e que foram definidos pelo Decreto 399 de 30 de abril de 1938, que continua em vigor. Já a inflação é muito mais abrangente, pois inclui todas as despesas com produtos e serviços que uma família consome durante um mês, incluindo os gastos com alimentação e bebidas, habitação, educação, vestuário, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais, transportes, comunicações e artigos de residência.
Dos produtos pesquisados em dezembro e que compõe a cesta básica, 02 subiram de preços, 06 tiveram reduções e outros 05 não sofreram alterações. A maior alta no mês foi a farinha de trigo (+) 20,97%, seguido do café em pó (+) 8,04%. As reduções foram da batatinha (-) 25,06%, da banana nanica (-) 20,24%, manteiga (-) 12,89%, leite (-) 10,84%, feijão carioca (-) 8,30% e tomate (-) 3,34%. Não sofreram alterações de preços no mês a carne bovina, arroz agulhinha, pão francês, açúcar refinado e o óleo de soja.
No ano, a maior alta foi do café em pó
No ano, os grandes vilões no aumento de preços foram o café em pó e o açúcar refinado, que registram altas de 64,70% e 63,27% respectivamente. Também a farinha de trigo teve um aumento substancial de 33,11%, seguido da manteiga (+) 15,60¨% e da carne bovina (+) 10,19%. A maior queda no preço foi da batatinha (-) 50,08%, seguido da banana nanica (-) 26,16% e do tomate (-) 24,71%. O óleo de soja depois de ter sido o grande vilão em 2020, recuou em 2021 em 16,75%.
Horas de trabalho para adquirir a Cesta Básica no Vale do Ivaí
Conhecido o valor da cesta, é possível efetuar o cálculo das horas que o trabalhador, que ganha salário mínimo, precisa trabalhar para a sua aquisição. Para isso, divide-se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição (220 hs/mês, desde outubro de 1 988). Assim, o trabalhador do Vale do Ivaí que ganhou um salário mínimo (R$ 1.100,00), precisou trabalhar 115,11 horas por mês, apenas para adquirir os produtos da cesta básica, consumindo o equivalente a 51,50% de sua renda líquida.
Salário Mínimo Necessário
A constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, define o salário mínimo como aquele fixado em lei, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,… (Constituição Federativa do Brasil, art. 7″ – IV).
Para calcular o salário mínimo necessário, considerando o preceito constitucional, e levando-se em conta a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Dieese, a alimentação representa 35,71% das despesas das famílias. A família considerada para o cálculo é composta por 2 adultos e 2 crianças, que por hipótese, consomem como 1 adulto.
Aplicando-se essa metodologia com base no custo da cesta básica no Vale do Ivaí em dezembro (R$ 577,55), o valor do salário mínimo necessário para que um trabalhador pudesse sustentar sua família deveria ser de R$ 4.852,84 muito distante da realidade e uma utopia para os nossos dias atuais. O valor é 4,41 vezes o salário em vigor. Essa mesma família gastaria R$ 1.732,65 somente com as despesas com alimentação.