A economia brasileira deve ter crescimento próximo a zero este ano, segundo nova estimativa divulgada nesta terça-feira (25) pelo Fundo Monetário Nacional (FMI).
.
Alinhado às expectativas do mercado financeiro, o fundo agora projeta, no relatório “World Economic Outlook”, uma alta de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano. Três meses atrás, a previsão era bem mais otimista: alta de 1,5%.
.
Segundo o fundo, a piora nas estimativas brasileiras está relacionada à inflação e ao aumento substancial na taxa de juros para combatê-la, “que vão pesar sobre a demanda doméstica”.
.
Foi o terceiro corte seguido feito pelo fundo nas estimativas para o desempenho do PIB brasileiro este ano. No início de 2021, a expectativa era de uma alta de 2,6%. Veja no gráfico abaixo:
.
Estimativas do FMI para o PIB brasileiro de 2022 — Foto: Economia g1
.
Cortes generalizados em 2022
O Brasil não foi o único país cujo desempenho foi revisado para baixo este ano. O corte foi generalizado: para a economia global, a estimativa de alta foi reduzida de 4,9% para 4,4%. Estados Unidos e México, aliás, também viram suas projeções de crescimento para 2022 sofrerem o mesmo corte que a brasileira, de 1,2 ponto.
.
Mas a projeção de expansão de 0,3% no Brasil é a pior entre as principais economias. Mesmo com os cortes nas estimativas, EUA e México devem crescer 4% e 2,8% este ano, respectivamente. China deve crescer 4,8%, enquanto a Índia, 9%. Na zona do euro, o crescimento esperado para este ano é de 3,9%. Veja no gráfico abaixo:
.
Estimativas para o PIB de 2022 — Foto: Economia g1
.
Ômicron e inflação
O relatório publicado nesta terça aponta que a economia global entrou este ano em uma posição mais fraca do que a esperada anteriormente, em parte devido à variante ômicron do coronavírus, que se espalhou rapidamente pelo globo e levou vários países a imporem novas restrições.
.
O aumento dos preços de energia e os problemas nas cadeias de suprimento resultaram em taxas de inflação mais elevadas do que o fundo esperava anteriormente.
.
Juntos, esses fatores levaram o fundo a rever para baixo as estimativas de crescimento global em 2022, influenciadas principalmente pelas duas maiores economias do mundo: além da redução na expectativa de PIB dos EUA, a China também foi ‘rebaixada’, e agora o fundo espera uma expansão de 4,8% na economia do país, 0,8 ponto percentual abaixo do estimado antes.
.
Melhora em 2023 – mas não para o Brasil
Para o ano que vem, as estimativas foram revisadas para cima para a maioria dos países.
.
Para a economia global, a estimativa é de um crescimento de 3,8% em 2023 – 0,2 ponto percentual acima do estimado no relatório de outubro. A melhora, no entanto, reflete principalmente um ajuste depois que entraves ao crescimento se dissiparem no segundo semestre deste ano.
.
O Brasil, infelizmente, vai na direção contrária. Por aqui, a estimativa foi revista para baixo: de 2% para 1,6%, levando o país, mais uma vez, a ficar entre os piores desempenhos esperados entre os principais países. Veja abaixo:
.
Estimativas de crescimento para o PIB em 2023 — Foto: Economia g1
.
A estimativa global, alerta o FMI, depende da melhora na situação da pandemia, assumindo que as taxas de vacinação apresentarão melhora em todo o mundo e que os tratamentos para a doença se tornarão mais eficazes.
.
Riscos ao crescimento
O fundo aponta que os riscos ao desempenho da economia global são negativos.
.
“O surgimento de novas variantes da Covid-19 poderia prolongar a pandemia e induzir novas perturbações econômicas”, diz o relatório. “O acesso global a vacinas, testes e tratamentos é essencial para reduzir o risco de novas perigosas variantes da Covid-19”.
.
Além disso, as perturbações às cadeias de suprimento, a volatilidade dos preços de energia e pressões localizadas sobre salários “significam que a incerteza ao redor da inflação” e das políticas monetárias é alta.
.
“Outros riscos globais podem se cristalizar conforme as tensões geopolíticas se mantêm altas, e a emergência climática em curso significa que a probabilidade de grandes desastres naturais se mantém elevada”, aponta o FMI.
.
Por Laura Naime, g1