O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil de janeiro foi de 0,54%, 0,19 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,73% de dezembro. Foi a maior variação para um mês de janeiro desde 2016 (1,27%). Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 10,38%, acima dos 10,06% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2021, a variação mensal foi de 0,25%.
Período | Taxa |
Janeiro de 2022 | 0,54% |
Dezembro de 2021 | 0,73% |
Janeiro de 2021 | 0,25% |
Acumulado nos últimos 12 meses | 10,38% |
A desaceleração em relação a dezembro foi influenciada pelo recuo nos transportes, principalmente com a queda nos preços da gasolina (-1,14%), do etanol (-2,84%) e das passagens aéreas (-18,35%). Esse foi o único dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE a ter queda em janeiro.
O que subiu e o que caiu
O resultado de janeiro foi influenciado, principalmente, pelo aumentos dos preços do grupo alimentação e bebidas (1,11%), que teve o maior impacto no índice do mês (0,23 ponto percentual).
Os principais destaques de alta foram as carnes (1,32%) e as frutas (3,40%). Além disso, os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos 12 meses. Outros destaques foram a cenoura (27,64%), a cebola (12,43%), a batata-inglesa (9,65%) e o tomate (6,21%).
A desaceleração da taxa mensal do IPCA é explicada principalmente pelos custos de transportes, grupo com maior peso do IPCA, que recuou 0,11%, após subir 0,58% em dezembro.
Além da gasolina e do etanol, houve queda no preço do gás veicular (-0,86%). O óleo diesel (2,38%) foi o único a subir em janeiro. Outros destaques de recuo nos preços foram transportes por aplicativo (-17,96%) e o aluguel de veículo (-3,79%).
Inflação deve estourar teto da meta pelo 2º ano seguido
A previsão do mercado para a inflação em 2022 está em 5,44%. Com isso, a expectativa é de estouro do teto do sistema de metas pelo segundo ano seguido. A meta central para o IPCA deste ano é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar entre 2% e 5%.
O objetivo foi fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-lo, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, a Selic, que está atualmente em 10,75% ao ano.
Com a nova elevação da Selic anunciada na semana passada, o Brasil passou a ter a maior taxa mundial de juros reais, isto é, quando se desconta a perda pela inflação.
O Banco Central indicou na ata da última reunião do Copom que o próximo aumento da taxa básica de juros, em meados do mês de março, será menor. Na interpretação de diversos analistas, porém, um ritmo mais lento de elevação da Selic, não significa uma pausa iminente. O Itaú, por exemplo, passou a projetar que o ciclo de aperto monetário terminará com a taxa Selic em 12,50% ao ano, e não mais em 11,75%.
Para 2023, o mercado financeiro projeta uma inflação de 3,50%. Para o próximo ano, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Veja o que o IBGE divulgou
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em janeiro. A maior variação veio de Artigos de residência (1,82%), que acelerou em relação a dezembro (1,37%). Na sequência, vieram Alimentação e bebidas (1,11%), maior impacto no índice do mês (0,23 p.p.), Vestuário (1,07%) e Comunicação (1,05%). Já a variação de Habitação (0,16%) foi inferior à do mês anterior (0,74%). O único grupo em queda foi Transportes (-0,11%), que havia subido 0,58% em dezembro. Os demais grupos ficaram entre o 0,25% de Educação e o 0,78% de Despesas pessoais.
Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
Dezembro | Janeiro | Dezembro | Janeiro | |
Índice Geral | 0,73 | 0,54 | 0,73 | 0,54 |
Alimentação e Bebidas | 0,84 | 1,11 | 0,17 | 0,23 |
Habitação | 0,74 | 0,16 | 0,12 | 0,03 |
Artigos de Residência | 1,37 | 1,82 | 0,05 | 0,07 |
Vestuário | 2,06 | 1,07 | 0,09 | 0,05 |
Transportes | 0,58 | -0,11 | 0,13 | -0,02 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,75 | 0,36 | 0,09 | 0,04 |
Despesas Pessoais | 0,56 | 0,78 | 0,06 | 0,08 |
Educação | 0,05 | 0,25 | 0,00 | 0,01 |
Comunicação | 0,34 | 1,05 | 0,02 | 0,05 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços |
O resultado de Artigos de residência (1,82%) foi influenciado, principalmente, pela aceleração dos eletrodomésticos e equipamentos (2,86%), mobiliário (2,41%) e TV, som e informática (1,38%), cujas variações em dezembro haviam sido de 1,77%, 2,07% e 0,70%, respectivamente. Esses itens contribuíram conjuntamente com 0,06 p.p no IPCA de janeiro.
Em Alimentação e bebidas (1,11%), a alimentação no domicílio passou de alta de 0,79% em dezembro para 1,44% em janeiro. Os principais destaques foram as frutas (3,40%) e as carnes (1,32%), embora tenham registrado altas menos intensas em relação ao mês anterior (8,60% e 1,38%, respectivamente). Além disso, os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos 12 meses. Outros destaques foram a cenoura (27,64%), a cebola (12,43%), a batata-inglesa (9,65%) e o tomate (6,21%). No lado das quedas, houve recuos nos preços do arroz (-2,66%), do frango inteiro (-0,85%) e do frango em pedaços (-0,71%).
A alimentação fora do domicílio (0,25%), por outro lado, desacelerou em relação ao mês anterior (0,98%). A refeição passou de 1,08% em dezembro para 0,44% em janeiro, enquanto o lanche passou de 1,08% em dezembro para -0,41% em janeiro.
No grupo Vestuário (1,07%), destacam-se as altas das roupas masculinas (1,64%), calçados e acessórios (0,97%) e roupas femininas (0,78%), que exerceram conjuntamente um impacto de 0,04 p.p. no IPCA de janeiro. Os demais itens do grupo também tiveram alta, com destaque para roupas infantis (0,87%) e joias e bijuterias (1,18%).
Já Habitação (0,16%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,74%), principalmente por conta da energia elétrica (-1,07% e -0,05 p.p.), cuja variação em dezembro havia sido de 0,50%. Desde setembro, permanece em vigor a bandeira vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
As variações das áreas foram desde -6,81% em Porto Alegre, onde houve redução de PIS/COFINS e de ICMS, até 3,34% em Rio Branco, onde houve reajuste de 10,66% com vigência a partir de 13 de dezembro. Além disso, houve reajustes de tarifa de iluminação pública, a partir de 1º de janeiro, em Brasília (2,13%), São Paulo (0,50%) e Curitiba (-1,40%).
Ainda em Habitação, destaca-se a queda de 0,73% do gás de botijão, após 19 meses de alta. A alta do gás encanado (3,13%) deve-se ao reajuste de 17,64% em São Paulo (5,46%), vigente desde 10 de dezembro. A taxa de água e esgoto (0,15%) também subiu em janeiro, devido ao reajuste de 6,70% em Campo Grande (6,06%), a partir de 1º de janeiro.
A queda no grupo dos Transportes (-0,11%) é consequência principalmente do recuo nos preços das passagens aéreas (-18,35%) e dos combustíveis (-1,23%). Além da gasolina (-1,14%), também houve queda nos preços do etanol (-2,84%) e do gás veicular (-0,86%). O óleo diesel (2,38%) foi o único a subir em janeiro. Entre os demais subitens do grupo, os destaques foram os transportes por aplicativo (-17,96%) e o aluguel de veículo (-3,79%).
Também em Transportes, os preços das motocicletas (2,45%), dos automóveis novos (2,19%) e dos automóveis usados (1,53%) seguem em alta. A variação positiva do táxi (1,23%) decorre do reajuste de 9,75% nas tarifas no Rio de Janeiro (5,66%), válido desde 11 de janeiro. Em ônibus urbano (0,22%), houve reajustes em Fortaleza (3,99%) com alta média de 8,55% a partir de 15 de janeiro; Vitória (3,05%) com reajuste de 4,84% a partir de 9 de janeiro; e Campo Grande (1,91%) com reajuste de 4,75% a partir de 17 de janeiro.
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados entre 29 de dezembro de 2021 e 28 de janeiro de 2022 (referência) com os preços vigentes entre 30 de novembro e 28 de dezembro de 2021 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
INPC foi de 0,67% em janeiro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 0,67% em janeiro, abaixo do resultado do mês anterior (0,73%). Foi a maior variação para um mês de janeiro desde 2016 (1,51%). O INPC acumula alta de 10,60% nos últimos 12 meses, acima dos 10,16% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2021, a taxa foi de 0,27%.
Os produtos alimentícios aceleraram de 0,76% em dezembro para 1,08% em janeiro. Já os não alimentícios desaceleraram, indo de 0,72% em dezembro para 0,54% em janeiro.
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados entre 29 de dezembro de 2021 e 28 de janeiro de 2022 (referência) com os preços vigentes entre 30 de novembro e 28 de dezembro de 2021 (base). O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 05 salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
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