Brasil registrou recorde de 29.488 pedidos de demissão por dia em fevereiro, aponta levantamento

desemprego 22_01_20Em fevereiro deste ano, 560.272 pessoas decidiram abandonar seus trabalhos, de acordo com um levantamento feito pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, a partir de microdados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esse número representa uma média de 29.488 desligamentos por dia útil.

 

É o maior número de demissões a pedido contabilizadas pelo Caged em um único mês desde janeiro de 2020, início da série histórica do emprego formal no país com a metodologia de contagem de vagas atual. Desde então, o cálculo passou a considerar outras fontes de informações.

 

Segundo o levantamento, as 29.488 demissões por dia útil registradas em fevereiro deste ano representam também o maior número da série histórica iniciada em janeiro de 2020. Com 25.931 demissões por dia útil, janeiro deste ano tinha registrado a maior quantidade de demissões diárias até então.

 

Além da pesquisa realizada mensalmente com os empregadores, o sistema também puxa dados do eSocial e do empregadorWeb (sistema no qual são registrados pedidos de seguro-desemprego).

 

As demissões voluntárias de fevereiro representam um aumento de 24% em comparação com os desligamentos a pedido do mesmo período de 2021 (453.559 demissões).

 

Foi ainda o sexto mês — em um intervalo de sete meses, ou seja, desde agosto de 2021 — em que esse número superou a marca de 500.000 demissões feitos a pedido dos empregados. Janeiro de 2022, com 544.541 desligamentos, era o recorde anterior.

 

Pós-pandemia

De acordo com o economista Bruno Imaizumi, dois fatores foram preponderantes para os recentes recordes dos números de pedidos de demissão no país. Um deles é o que ele chama de normalização do mercado de trabalho após a fase mais aguda da pandemia da Covid-19. O outro é o avanço do trabalho remoto, que provocou uma mudança de comportamento entre os trabalhadores.

 

“No início de 2020, começo da pandemia, havia muita incerteza. Muita gente foi demitida e as que ficaram no mercado de trabalho, em muitos casos, aceitaram empregos não condizentes com as suas habilidades. De lá para cá, com o avanço da vacinação, essas pessoas passaram, naturalmente, a voltar para empregos mais condizentes com suas habilidades, o que ajudou a aumentar essa quantidade de demissões voluntárias”, diz o economista.

 

Com relação à maior oferta de trabalhos em home office, Imaizumi explica que outros fatores, além do valor da remuneração, passaram a ser analisados por muitos trabalhadores. “São casos de trabalhadores que priorizam não só a remuneração, mas outros benefícios que o trabalho remoto proporciona, como não precisar fazer longos deslocamentos, por exemplo.”