Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) revelou que 76% dos brasileiros tiveram sua situação financeira “muito afetada” ou “afetada” pela inflação. Apenas 12% da população diz que foi “pouco afetada” ou “não foi afetada” pela alta de preços no Brasil.
Os dados fazem parte da pesquisa “Comportamento & Economia no Pós-Pandemia”, encomendada pela CNI ao Instituto FSB Pesquisa. Foram ouvidas 2.015 pessoas com mais de 16 anos, entre 1º e 5 de abril, em todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O levantamento indicou que 54% dos brasileiros afirmam que sua situação financeira foi “muito afetada” pela pandemia. Este percentual é maior que os 45% verificados em novembro do ano passado, quando a mesma pesquisa foi feita.
Confira os percentuais:
Sua situação financeira foi afetada pela inflação?
- Muito afetada: 54% (abril de 2022); 45% (novembro de 2021)
- Afetada: 22% (abril de 2022); 30% (novembro de 2021)
- Mais ou menos: 12% (abril de 2022); 13% (novembro de 2021)
- Pouco: 8% (abril de 2022); 8% (novembro de 2021)
- Não foi afetada: 4% (abril de 2022); 2% (novembro de 2021)
- Não sabe/não respondeu: 1% (abril de 2022); 2% (novembro de 2021)
Percepção é de aumento dos preços dos produtos
Os números refletem em grande parte a escalada mais recente da inflação no Brasil. Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA —o índice oficial da inflação— subiu 11,30% nos 12 meses até março deste ano, o mês imediatamente anterior à pesquisa da CNI. Somente em março, a alta geral de preços foi de 1,62%.
De acordo com a CNI, 87% dos brasileiros acreditam que o preço das mercadorias “aumentou muito” nos últimos seis meses. Outros 8% acham que “aumentou um pouco” e 4% que “ficou igual”. Apenas 1% diz que o preço das mercadorias “diminuiu um pouco”.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que tem elevado os preços de commodities como petróleo, soja e milho nos mercados internacionais, tem afetado a inflação.
A guerra travada na Ucrânia trouxe mais incertezas para a economia global, o que impulsiona a inflação e desperta o temor de retrocesso da economia em todo o mundo. Diante dessa conjuntura tão difícil quanto indesejada, o Brasil precisa adotar as medidas corretas para incentivar o crescimento econômico, a geração de empregos e o aumento da renda da população. A principal delas é a reforma tributária. Não temos como fugir disso
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI
Brasileiros estão reduzindo gastos
A pesquisa da CNI mostra ainda que, nos últimos seis meses, 64% dos brasileiros reduziram seus gastos. Outros 34% não reduziram, enquanto 2% não souberam dizer ou não responderam.
O percentual daqueles que diminuíram os gastos, apesar de alto, é inferior ao que havia sido registrado em novembro, quando 74% dos pesquisados disseram que haviam cortado despesas. Na época, 24% disseram que não haviam reduzido as despesas.
Entre os brasileiros que disseram em abril que reduziram os gastos, 32% acreditam que isso será uma situação permanente. Outros 60% afirmaram que é temporário, enquanto 8% não souberam ou não quiserem responder.