O Banco Central elevou na última quarta-feira (15/06) a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25%, nível mais alto desde janeiro de 2017, moderando o ritmo da escalada com a qual tenta frear a inflação persistente.
A alta da Selic, anunciada após uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), é a 11ª seguida desde março de 2021, quando a taxa se encontrava na mínima histórica de 2%.
A magnitude do aumento coincidiu com a expectativa do mercado, segundo a mediana de uma pesquisa do jornal “Valor” divulgada ontem, que ouviu 90 consultorias e instituições financeiras. Além disso, o aumento de 0,5 ponto percentual é o menor do ciclo de altas, após três movimentos de um ponto percentual, precedidos de três saltos de 1,5 ponto percentual entre outubro e fevereiro.
Com a decisão, a autoridade monetária deu continuidade à sua estratégia de conter os aumentos dos preços do varejo, que subiram 11,73% em 12 meses até maio.
– Deterioração externa –
“O ambiente externo seguiu se deteriorando desde a última reunião, em maio, marcado por revisões negativas para o crescimento global prospectivo em um ambiente de pressões inflacionárias”, assinala o comunicado do Copom.
No nível local, “a inflação ao consumidor continuou surpreendendo negativamente, tanto em componentes mais voláteis quanto em itens associados à inflação subjacente”, indicou o comitê.
A inflação ao consumidor brasileiro situou-se em 0,47% no mês de maio, um recuo em relação ao 1,06% registrado em abril, segundo dados oficiais. Mas acumulou 4,78% nos primeiros cinco meses do ano, aproximando-se do teto da meta para este ano, que é de 5%.
O mercado prevê uma inflação de 8,89% no fim de 2022, segundo o boletim Focus, do Banco Central. Os aumentos nos preços dos combustíveis e dos alimentos, impulsionados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, representaram um impacto adicional à inflação ascendente da primeira economia latino-americana.
De olho em 2023, o Copom tenta que a inflação coincida com a meta de 3,25% para esse período. Mas as expectativas continuaram subindo até 4,6% para o ano que vem, quando em maio passado eram de 4%, segundo a pesquisa do Valor.
Diante de uma inflação que deixa o horizonte turvo, o Copom antecipou uma nova alta dos juros “de igual ou menor magnitude” na próxima reunião, em agosto.
Tanto o Banco Central quanto o mercado veem o fechamento do ciclo de ajuste monetário como próximo, mas o Copom definirá os próximos passos “com cautela adicional”, dada “a crescente incerteza da atual conjuntura”, assinalou.