Após os impactos econômicos da pandemia, o Brasil teve um salto no número de trabalhadores com renda mais baixa, de até um salário mínimo.
É o que indica um levantamento do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, a partir de microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
No segundo trimestre deste ano, o mais recente com estatísticas disponíveis, cerca de 35,6 milhões de trabalhadores (formais e informais) tinham renda de até um salário mínimo por mês (R$ 1.212). Em termos absolutos, o número representa um recorde na série histórica, iniciada em 2012.
Os 35,6 milhões correspondiam a 36,6% da população ocupada com algum tipo de trabalho e com o rendimento detalhado nos microdados da Pnad (97,1 milhões).
Isso sem levar em consideração que cerca de 2/3 dos aposentados e pensionistas do INSS recebem apenas um salário mínimo, que corresponde a mais de 25 milhões de beneficiários.
A Pnad é uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal.
O salário mínimo virou ponto central de debates às vésperas do segundo turno das eleições. O motivo foi a revelação por reportagem da Folha de um plano do ministro Paulo Guedes (Economia) que poderia resultar em mudanças na forma de correção do mínimo e de aposentadorias.
Na prática, a medida abriria possibilidade de o reajuste anual dos benefícios não levar mais em conta a inflação passada, regra em vigor atualmente.
Após a repercussão, Guedes negou mudar a regra “durante o jogo”, mas sinalizou ser favorável à desindexação. O plano gerou uma enxurrada de críticas de adversários e foi usado como munição contra o governo Jair Bolsonaro (PL) na fase final da campanha.
Guedes chegou a associar a divulgação da proposta a militantes petistas que estariam infiltrados no Ministério da Economia.
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