A inflação para famílias chefiadas por pessoas com 50 anos ou mais de idade superou a verificada para os brasileiros em geral nos últimos 12 meses, de acordo com um novo índice de preços que mede o custo de vida desse público.
O IPCA 50+ ou “inflação dos longevos” foi criado pelo economista Arnaldo Lima, diretor do Instituto de Longevidade MAG, ex-secretário do Ministério da Fazenda e ex-diretor da Funpresp (fundo de pensão dos servidores federais).
O índice considera a mesma variação dos itens que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE e que serve como meta de inflação. Mas é feita uma ponderação no peso de cada produto e serviço com base na cesta de consumo das famílias chefiadas por essas pessoas.
No acumulado em 12 meses até outubro, a inflação dos longevos ficou em 7,2%, superior ao IPCA de 6,5% no mesmo período.
Famílias cujo chefe tem 50 anos ou mais de idade têm o consumo mais concentrado, relativamente, nos grupos saúde, transportes, comunicação e artigos de residência. Com isso, gastam relativamente menos com habitação, educação, alimentação e despesas pessoais.
A inflação dos longevos ficou abaixo da média geral de janeiro de 2020, quando a série do IPCA passou a ser divulgada com os pesos da nova POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) do IBGE, até abril deste ano. Desde maio, o acumulado em 12 meses passou a superar o índice geral.
Uma das explicações para isso é que a desoneração dos combustíveis ocorrida a partir daquele mês teve impacto maior sobre o índice geral do que sobre o IPCA 50+, devido à diferença de peso desse item nas cestas de consumo dessas famílias.
Arnaldo Lima diz que o novo indicador é mais uma ferramenta para avaliar a situação financeira e patrimonial desse público. Enquanto a população brasileira com menos de 50 anos aumentou apenas 1% nos últimos dez anos, a parcela com 50 ou mais cresceu 35%.
“Essas famílias possuem hábitos de consumo distintos, fazendo com que o impacto da inflação sobre suas despesas também seja diferenciado das demais faixas etárias”, afirma o executivo.
Ele diz que esse público está mais ativo no mercado de trabalho hoje do que em décadas anteriores e que seus familiares são muito dependentes financeiramente desses chefes de família, exigindo mais poupança para o futuro e a utilização de um índice de inflação mais aderente para fins de planejamento previdenciário.
“Em termos de expectativa de sobrevida, os cinquentões de hoje são os quarentões de ontem, mas com regras previdenciárias menos benevolentes. Ou seja, teremos uma população cada vez mais longeva, o que exigirá mais recursos disponíveis para fazer frente aos gastos crescentes, especialmente em saúde.”
Outras instituições também possuem índices específicos para o público de maior idade, mas com alcance e metodologia diferentes.
O IPC-3i, da FGV (Fundação Getulio Vargas), se baseia em índices de preços da própria instituição e considera famílias com ao menos metade dos componentes com idade igual ou superior a 60 anos. A Fipe faz para o município de São Paulo cálculo também focado na população nessa faixa etária.