Em novembro de 2022 o custo do conjunto de alimentos essenciais no Vale do Ivaí, denominado de Cesta Básica, recuou 1,68% em relação a outubro, fechando em R$ 677,99, acumulando no ano uma alta de 17,39%. Em relação ao mesmo período do ano passado a alta foi de 13,08%, quando seu custo estava em R$ 599,56. Essa pesquisa foi realizada pela equipe econômica da Radio Jandaia, tendo Viviane Machado como pesquisadora responsável.
Não se deve confundir cesta básica com inflação. A primeira, é composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, e que foram definidos pelo Decreto 399 de 30 de abril de 1938, que continua em vigor. Já a inflação é muito mais abrangente, pois inclui todas as despesas com produtos e serviços que uma família consome durante um mês, incluindo os gastos com alimentação e bebidas, habitação, educação, vestuário, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais, transportes, comunicações e artigos de residência.
Dos 13 produtos pesquisados em novembro e que compõe a cesta básica, 04 subiram preços, 04 tiverem queda e outros 05 não sofreram alterações. A maior alta foi do feijão carioca que teve uma alta de 16,18%, seguido do óleo de soja (+) 6,26%, do tomate (+) 3,64% e da carne bovina (+) 2,29%. A maior queda foi da banana nanica (-) 21,46%, seguido da batatinha (-) 13,82%, do leite (-) 12,53% e da manteiga (-) 8,03%. Não sofreram alterações em seus preços a o arroz, a farinha de trigo, o pão francês, o café em pó e o açúcar refinado.
Horas de trabalho para adquirir a Cesta Básica no Vale do Ivaí
Conhecido o valor da cesta, é possível efetuar o cálculo das horas que o trabalhador, que ganha salário mínimo, precisa trabalhar para a sua aquisição. Para isso, divide-se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição (220 hs/mês, desde outubro de 1 988).
Assim, o trabalhador do Vale do Ivaí que ganhou um salário mínimo (R$ 1.212,00), precisou trabalhar 123,07 horas no mês, apenas para adquirir os produtos da cesta básica, consumindo o equivalente a 60,48% de sua renda líquida.
Salário Mínimo Necessário
A constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, define o salário mínimo como aquele fixado em lei, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,… (Constituição Federativa do Brasil, art. 7″ – IV).
Para calcular o salário mínimo necessário, considerando o preceito constitucional, e levando-se em conta a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Dieese, a alimentação representa 35,71% das despesas das famílias. A família considerada para o cálculo é composta por 2 adultos e 2 crianças, que por hipótese, consomem como 1 adulto.
Aplicando-se essa metodologia com base no custo da cesta básica no Vale do Ivaí (R$ 677,99), o valor do salário mínimo necessário para que um trabalhador pudesse sustentar sua família deveria ser de R$ 5.695,80, muito distante da realidade e uma utopia para os nossos dias atuais. O valor é 4,7 vezes o salário em vigor. Essa mesma família gastaria R$ 2.033,97 somente com as despesas com alimentação.