BC mantém juros a 13,75% em última reunião do Copom este ano

copom 08_12_22O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu hoje manter a taxa básica de juros da economia, Selic, em 13,75%. Esse é o mesmo valor que foi fixado nos últimos três encontros, em agosto, setembro e outubro.

 

Esta foi a última reunião do comitê este ano. Em 2022, a Selic começou a 9,25%, conforme estabelecido em dezembro de 2021. Ou seja, durante o ano, houve aumento de 4,5 pontos.

 

“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”, falou o Copom, em nota.

 

A atual taxa é a maior desde o reajuste estabelecido de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando também estava em 13,75%.

 

A última vez em que a Selic teve um valor mais alto do que esse foi no ciclo de 19 de outubro de 2016 até 30 de novembro de 2016, quando o índice foi a 14% ao ano.

 

Em suas justificativas, o Copom alertou para “ambiente externo mantém-se adverso e volátil” e a elevada inflação nos preços para o consumidor. “Em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB [Produto Interno Bruto] apontou ritmo de crescimento mais moderado no terceiro trimestre”, diz a nota.

 

Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; (ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (iii) a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023. A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos riscos. O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva
Nota do Copom

 

Para o próximo ano, o comitê disse que ficará “vigilante” se a estratégia de manter a taxa nesse nível será “capaz” de segurar a inflação no país.

 

O ciclo da Selic voltou à discussão diante dos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode afetar a inflação futura devido ao estímulo ao consumo e também pelo canal de deterioração de ativos, como o dólar. Na curva de juros, há precificação de novos aumentos de juros, enquanto no Boletim Focus o mercado aposta majoritariamente, por enquanto, no adiamento dos cortes, com uma taxa terminal mais alta no fim do ano que vem.

 

O Focus desta semana ainda aponta que o mercado elevou sua expectativa para o patamar dos juros ao fim do próximo ano, antecipando uma redução menor da taxa Selic ao longo de 2023, ao mesmo tempo que previu um aumento maior da dívida pública. A projeção dos analistas para a Selic subiu para 11,75% ao final do próximo ano, de 11,50% previstos em novembro.

 

Em outubro, última reunião do Copom, a autoridade monetária voltou a indicar a estabilidade da Selic em 13,75% por “período suficientemente prolongado”. Mas também manteve o alerta de que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, os juros podem voltar a subir.

 

Selic nas últimas dez reuniões

  • 07 de dezembro de 2022: 13,75% ao ano
  • 26 de outubro de 2022: 13,75% ao ano
  • 21 de setembro de 2022: 13,75% ao ano
  • 03 de agosto de 2022: 13,75% ao ano
  • 15 de junho de 2022: 13,25% ao ano
  • 04 de maio de 2022: 12,75% ao ano
  • 16 de março de 2022: 11,75% ao ano
  • 02 de fevereiro de 2022: 10,75% ao ano
  • 08 de dezembro de 2021: 9,25% ao ano
  • 27 de outubro de 2021: 7,75% ao ano

 

Juros nominais

Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira se manteve na segunda posição – atrás apenas da Argentina, onde a taxa é de 75%, mas onde a hiperinflação derruba a taxa real.

Veja abaixo:

  1. Argentina: 75%
  2. Brasil: 13,75%
  3. Hungria: 13%
  4. Chile: 11,25%
  5. Colômbia: 11%
  6. México: 10%
  7. Turquia: 9%
  8. Rússia: 7,5%
  9. República Checa: 7%
  10. África do Sul: 7%
  11. Polônia: 6,75%
  12. Índia: 5,4%
  13. Indonésia: 5,25%
  14. Filipinas: 5%
  15. China: 4,35%
  16. Nova Zelândia: 4,25%
  17. Hong Kong: 4,25%
  18. Estados Unidos: 4%
  19. Austrália: 2,85%
  20. Canadá: 3,75%
  21. Coreia do Sul: 3,25%
  22. Israel: 3,25%
  23. Reino Unido; 3%
  24. Malásia: 2,75%
  25. Cingapura: 2,65%
  26. Suécia: 2,5%
  27. Alemanha: 2%
  28. Áustria: 2%
  29. Bélgica: 2%
  30. Espanha: 2%
  31. França: 2%
  32. Grécia: 2%
  33. Holanda: 2%
  34. Itália: 2%
  35. Portugal: 2%
  36. Tailândia: 1,73%
  37. Taiwan: 1,63%
  38. Dinamarca: 1,25%
  39. Japão: -0,1%
  40. Suíça: -0,75%