Vendas de veículos novos disparam em março, diz Fenabrave

venda veículos 13_05_20Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil em março subiram 53% sobre fevereiro, para 198,9 mil unidades, avançando 35,5% sobre o mesmo mês de 2022, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pela Fenabrave, associação de revendedores.

 

Assim, o setor fechou o primeiro trimestre com alta de 16,3% nas vendas, chegando a 471,6 mil unidades. Em 2022, o trimestre havia fechado com queda de 23% em relação a 2021.

 

Em março, apenas o segmento de caminhões apresentou performance negativa na comparação anual, recuando 7,3%, para 9.389 veículos.

 

“São cinco dias úteis a mais no mês [contra fevereiro] e a base do ano passado é muito baixa. O resultado engana. Quando comparamos com 2019, ainda estamos 22% abaixo”, diz a economista Tereza Fernandez, economista da TF Associados.

 

Paralisação de montadoras

O resultado de vendas fortes em março contrasta com as paralisações de fábricas brasileiras, anunciadas pelas montadoras no fim do mês passado. Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocaram funcionários em férias coletivas pela redução de demanda.

 

Como mostrou o g1, analistas que acompanham o setor afirmam que o encarecimento do crédito junto com a redução do poder de compra da população reduziu o potencial de financiamento e, por consequência, a demanda por carros novos.

 

São efeitos dos aumentos da taxa básica de juros, a Selic, feitos pelo Banco Central desde 2021, que começaram, enfim, a trazer consequências mais fortes para a economia. Uma delas é, justamente, a redução do consumo por meio da dificuldade de concessão de crédito.

 

Dados da Fenabrave mostram que janeiro e fevereiro de 2023 foram meses ruins no setor. Janeiro teve queda de 34% nos emplacamentos comparado ao mês anterior — ainda que o número seja 12% maior que o observado em janeiro de 2022.

 

Em fevereiro, nova queda: 9% em relação a janeiro. Contra o mesmo mês de 2022, o acumulado também passou ao campo negativo: recuo de quase 2%. Considerando apenas automóveis, houve redução de 7% e 4,2%, respectivamente.

 

As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.

 

O excedente de produção, em tese, deveria criar novas condições para a comercialização de veículos — a famosa lei da oferta e demanda —, mas analistas dizem que as montadoras não podem abrir mão das margens de lucro por conta do momento que viveram durante a pandemia de Covid.

 

Com custo de produção em alta devido aos entraves logísticos e falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam recuperar o “dinheiro perdido”. Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia que trouxe novos impactos em preços de commodities necessárias para a indústria.

 

É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.

 

Além disso, o mercado está em momento de alta competitividade, já que as montadoras correm contra o relógio em busca de desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, por exemplo. A eletrificação da linha demanda investimentos em pesquisa e eficiência, para que o produto final tenha preço competitivo dentro do mercado.