O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, calculou nesta sexta-feira (23) que se a taxa básica de juros estivesse em 10% ao ano, em vez dos atuais 13,75% ao ano, a economia nos gastos com juros da dívida pública permitiria o pagamento anual de quase um Bolsa Família.
Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano. O orçamento do Bolsa Família para 2023 é de R$ 145 bilhões
“Não estou dizendo que deveria ser esse valor [para a taxa Selic, fixada pelo Banco Central para tentar conter as pressões inflacionárias] mas, se ela fosse, ao invés de 13,75% [ao ano], fosse 10% [ao ano] a Selic atualmente, você teria quase um Bolsa Família por ano economizado em termos de juros que estão sendo pagos na dívida pública”, afirmou, durante entrevista à revista Exame.
O secretário disse que não se sente à vontade para comentar a política de juros, de competência do Banco Central, mas explicou que cada ponto percentual de alta na taxa Selic representa bilhões de reais em despesas com juros da dívida pública.
Rogério Ceron observou que a política de gastos públicos, de um lado, ancora as expectativas de inflação e ajuda o Banco Central a reduzir a taxa de juros. Ele ponderou que, por outro lado, há um custo significativo em termos de juros da dívida em momentos de “aperto monetário”, ou seja, de elevação da taxa de juros.
Em abril deste ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a taxa de juros é alta no Brasil por conta do atual nível de endividamento – considerado elevado para o padrão de países emergentes.
“Na parte dos juros, a gente não pode confundir causa e efeito. A dívida não é alta porque o juro é alto. É o contrário, o juro é alto porque a dívida é alta. Quando você, endividado, vai ao banco, e o banco faz uma análise que você é endividado e não paga a dívida, o juro é alto”, afirmou ele, na ocasião.