O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estimou nesta terça-feira (15) que o reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras deverá ter um impacto de 0,40 ponto percentual na inflação oficial entre agosto e setembro desse ano.
“Essa parte de administrados, teve aumentos maiores. Hoje teve um aumento grande, tem um impacto na inflação de mais ou menos 0,40 [ponto percentual] entre o mês de agosto e setembro. O impacto do diesel não é direto, é indireto na cadeia. Mas o impacto da gasolina é direto. Então a gente provavelmente vai ter um número de previsões com o reajuste de hoje”, declarou Campos Neto, durante participação na Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
Mais cedo nesta terça-feira, a Petrobras anunciou um aumento nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras, válido a partir desta quarta-feira (16). O litro da gasolina terá uma alta de R$ 0,41, chegando a R$ 2,93, e o litro do diesel vai subir R$ 0,78, passando a R$ 3,80.
Em nota, a Petrobras destaca que o “o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda”.
Apesar das altas, a companhia diz que até aqui, em 2023, a variação acumulada nos preços dos combustíveis apresenta uma redução de R$ 0,15 por litro para a gasolina e de R$ 0,69 por litro para o diesel.
Antes do reajuste dos preços dos combustíveis dessa semana, os analistas do mercado financeiro estimaram um IPCA de 4,84% para este ano e de 3,86% para 2024.
Nova política de preços
O reajuste foi anunciado após críticas de agentes privados de que os preços da estatal haviam “descolado”, nos últimos meses, do mercado externo por conta da utilização da nova política de preços adotada de maio em diante.
Pela regra que vigorava antes, desde 2016, o preço desses produtos no mercado interno acompanhava as oscilações internacionais no preço do petróleo e do dólar.
No cálculo anterior, chamado de Preço de Paridade de Importação (PPI), a Petrobras considerava o valor do petróleo no mercado global, o valor do dólar e custos logísticos como o fretamento de navios, as taxas portuárias e o uso dos dutos internos para transporte.
Já na nova política de preços, a estatal passou a considerar o intervalo entre duas referências de mercado:
- o maior valor que um comprador pode pagar antes de querer procurar outro fornecedor;
- e o menor valor que a Petrobras pode praticar na venda mantendo o lucro.
Definição da taxa de juros
No começo de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.
Esse foi o primeiro corte da taxa básica de juros em três anos, que aconteceu após melhora na inflação nos últimos meses e, também, em meio a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, o BC já está mirando, neste momento, na meta do ano que vem e no objetivo, em 12 meses, para o início de 2025.
- Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
No comunicado, o Copom disse ainda que, nas próximas reuniões, pode continuar fazendo na Selic “redução da mesma magnitude” desta quarta-feira. Ou seja, cortes de 0,5 ponto percentual.
“Em se confirmando o cenário esperado [de desinflação e ancoragem das expectativas em torno da meta de inflação], os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informou o BC.
Além do reajuste dos preços dos combustíveis pela Petrobras nesta terça-feira, o Banco Central tem dito que, por conta da redução dos combustíveis no fim do ano passado, fator que não será repetido em igual período neste ano, a inflação oficial “vai ter um movimento de alta em doze meses daqui até o fim do ano”.