O endividamento no Brasil atinge 80% da população do país que enfrentam problemas financeiros, é o que aponta a pesquisa do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia que revela que oito em cada dez famílias brasileiras estão endividadas e um terço têm dívidas em atraso.
O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira (7) no relatório Raio-x dos Brasileiros em Situação de Inadimplência. Segundo o relatório, os índices que já estavam piores durante a pandemia da covid-19 recuaram, mas ainda são elevados.
Entrevistas foram realizadas pela internet
O responsável por realizar a pesquisa entrevistou 983 pessoas por meio de questionário pela internet, que foi aplicado entre 11 e 22 de setembro, entre homens e mulheres de todos os estados.
O cartão de crédito é a principal fonte de inadimplência, representando 60% dos débitos em aberto. Em seguida, aparecem empréstimos e financiamentos (43%), cheque especial (19%), contas de serviços básicos (17%), impostos (15%), celular (14%) e compras feitas em lojas de departamento (12%).
A pesquisa também mostrou que a inadimplência está afetando a vida pessoal dos brasileiros. 47% dos entrevistados afirmaram que a inadimplência já causou problemas com o cônjuge, 44% disseram que já tiveram problemas com amigos e familiares, e 38% relataram que já tiveram problemas no trabalho.
Além disso, a inadimplência também está prejudicando a economia do país. O levantamento estima que as dívidas em atraso dos brasileiros somam R$ 5,5 trilhões.
Falta de planejamento
Os principais motivos pelos quais os brasileiros ficam devendo são a falta de planejamento financeiro (36%); o desemprego (34%); ter gastos inesperados com saúde (30%); emprestar o nome de alguém para efetuar compras ou contratar serviços (16%); compras de alto valor, acima do que cabe no orçamento (11%); investimento em negócios que deram prejuízo (10%); e falta de controle nos gastos por parte do companheiro ou companheira (8%).
Outras razões a que os brasileiros atribuem a situação de contas no vermelho é a perda de renda com um divórcio (6%); problemas com vícios e jogos (3%); esquecer de pagar uma conta ou boleto (3%); e outros (3%).
Quando perguntados sobre o nível de otimismo ou pessimismo quanto a deixar em dia as contas, 39% responderam que têm certeza de que conseguirão. Em 2022, o percentual era de apenas 25%. A parcela de inadimplentes que afirmou que acha que pagará é de 23%, ante 32% da que não têm certeza, 5% da que declarou que não terá condições e 2% da que têm certeza de que não existe essa possibilidade.
Dentro do grupo dos que reconhecem não ter como quitar as dívidas, 9% são mulheres e 9% têm ensino fundamental como nível de escolaridade. Já na parcela que mantém mais otimismo, com 39%, 78% pertencem às classes A e B e 76% correspondem à proporção que pretende pagar os débitos com o programa Desenrola Brasil.
Estratégias
A principal estratégia que os inadimplentes têm em mente para conseguir colocar tudo em dia é economizar dinheiro (60%). A renegociação de dívidas é outra solução mencionada por 38%, percentual maior do que o de 2022, quando era de 31%.
A pesquisa destaca, ainda, que aumentou a parcela de pessoas que teve sucesso em se estabilizar financeiramente, variando de 20%, em 2022, para 24%, neste ano. Porém, o percentual de brasileiros que avaliam que uma melhora na economia do país é o que permite a da sua situação financeira e a quitação de dívidas caiu, passando de 29% para 20%.