O número de consumidores inadimplentes no país aumentou em janeiro deste ano e alcançou os 72,07 milhões. Foi a 1ª alta depois de 2 meses consecutivos de queda, de acordo com levantamento realizado pela Serasa Experian e publicado nesta 2ª feira (4.mar.2024).
Em relação ao 1º mês do ano passado, o número de inadimplentes aumentou 2,82% – em janeiro de 2023, o total de brasileiros inadimplentes era de 70,09 milhões.
O estudo revelou também que os 2 principais motivos para a inadimplência nos anos de 2022 e 2023 foram o desemprego e a redução na renda.
O desemprego foi apontado por 29% dos endividados, em 2022, e por 22% em 2023. Já a redução de renda foi citada por 12% e 20% dos inadimplentes, em 2022 e 2023, respectivamente.
O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida entre os inadimplentes, assim como nos 5 anos anteriores. No ano passado, essa modalidade correspondia à principal dívida para 55% dos endividados.
O levantamento aponta que 7 em cada 10 brasileiros costumam parcelar suas compras, sendo a maior fatia (27%) por não ter o valor cheio para pagamento à vista….
A pesquisa identificou que somente 11% das mulheres das classes C, D e E, e 16% das mulheres das classes A e B afirmaram estar satisfeitas em relação às finanças pessoais. Considerando homens e mulheres, 12% das faixas C, D e E, e 17% das faixas A e B disseram estar satisfeitos com a vida financeira.
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, avalia que, para enfrentar o problema da inadimplência de forma abrangente e sustentável, são necessárias medidas como combate ao desemprego e à informalidade, educação financeira, microcrédito e crédito consciente e proteção do consumidor.
“Através de políticas públicas que gerem emprego e formalizem o mercado de trabalho, a renda das famílias pode ser aumentada, reduzindo a inadimplência. Implementar programas abrangentes e acessíveis de educação financeira para conscientizar a população sobre o uso consciente do crédito, planejamento financeiro e gestão de recursos”, explica Meirelles.
Apesar de a educação financeira ser um pilar fundamental para combater a inadimplência no longo prazo, o especialista ressalta que não se pode esquecer que a grande questão é que o brasileiro ganha pouco e é por essa razão, somada aos juros aos juros altos, que há altos níveis de endividamento.
“É muito complicado dizer que quem sustenta uma família com um salário mínimo não tem educação financeira, que a chefe de família que sabe o preço da carne no centavo e fraciona suas compras pelo mês para garantir a comida até o dia 30 não tem educação financeira. O maior erro de alguns projetos de educação financeira é achar que o brasileiro médio se endividou porque é perdulário. Não, ele se endividou porque a renda é curta e os juros são altos”, diz.
Além disso, ele avalia que medidas como ampliar o acesso ao microcrédito e fomentar o crédito responsável, com taxas de juros justas e acom panhamento dos devedores, podem auxiliar na inclusão financeira e na recuperação de crédito.
“Fortalecer os mecanismos de proteção do consumidor contra práticas abusivas de crédito e cobrança é fundamental para evitar o endividamento excessivo e garantir os direitos dos consumidores”, afirma.