Preço de alimentos já sobe mais que o dobro da inflação este ano

Os preços dos alimentos consumidos nos domicílios das famílias brasileiras vêm subindo acima da inflação desde outubro do ano passado. E, só este ano, em janeiro e fevereiro, a alta chega a 2,95% – ou seja, mais que o dobro do 1,25% do IPCA, índice oficial de inflação deste ano.

 

Não por acaso o tema entrou no radar do presidente Lula, preocupado com a queda da sua popularidade e da  aprovação de seu governo,  que realizou uma reunião ministerial para discutir os preços dos alimentos, nesta quinta-feira.

 

Na semana passada, pesquisa feita pela Quaest mostrou que, para 38% da população, a economia piorou nos últimos 12 meses, um aumento de sete pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, de dezembro de 2023. Além disso, 73% apontaram alta no preço dos alimentos.

 

Em fevereiro, a alta de preços foi puxada por cebola, batata-inglesa, frutas, arroz e leite longa vida. No ano, o preço da batata-inglesa já subiu 38,24 e da cenoura, 56,99%.

 

Ao divulgar os dados da inflação de fevereiro, André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, explica que os preços dos alimentos, principalmente in natura, tem sido impactados pelo clima desde o fim do ano passado. Já há uma desaceleração das altas, mas ainda assim os alimentos têm ficado mais caros:

 

— No final do ano passado e início desse ano, tivemos um efeito mais intenso por conta do El Niño. Tivemos muitas ondas de calor, um volume de chuvas muito acima do tradicional.

 

A alta nos alimentos atingiu alguns itens com forte presença na mesa dos brasileiros. Veja alguns exemplos de preços que subiram mais de 10% este ano:

 

  • Cenoura: 56,99%
  • Batata-inglesa: 38,24%
  • Banana prata: 17,45%
  • Feijão carioca: 15,27%
  • Feijão preto: 11,95%
  • Arroz: 10,32%

 

Apesar da alta recente, o aumento nos preços dos alimentos ainda está distante do pico de 17,5% em 12 meses alcançado em julho de 2022, destaca Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs. Em fevereiro, a alta anualizada dos alimentos estava em 1,77%.