Eleições 2024: Cai número de candidaturas registradas pelo país

O número de candidatos registrados para concorrer nas eleições municipais de 2024 caiu em relação a 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A queda é a primeira desde 2008.

 

Às 19h30 desta quinta-feira (15), após o fim do prazo de registro de candidaturas, havia 453.302 registros de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, segundo o site do TSE. Em 2020, foram 557.678 candidatos, de acordo com os números da Corte.

 

O prazo para registro de candidaturas pelo sistema online do TSE terminou às 8h e a entrega presencial na Justiça Eleitoral, às 19h. Como essas últimas demandam mais tempo para serem incluídas nas contas, o número de registros deve mudar, mas não o suficiente para mudar o cenário de queda. No cenário atual, a queda em relação a 2020 é de 19%.

 

O registro da candidatura é um dos passos para um candidato concorrer na eleição de 2024. Agora, a Justiça Eleitoral deve analisá-las e definir quais estão aptas a constar da urna.

 

Candidaturas de prefeito, vereador e vice tiveram queda

Os dados atuais indicam que houve queda nos 3 cargos disputados em 2024:

  • Em 2024, foram cerca de 15 mil registros para prefeito, 21% a menos que os 19 mil de 2020;
  • Para vereador, são 422,5 mil, 19% menos que os 518,5 mil de quatro anos atrás.

 

Candidaturas femininas

A Justiça Eleitoral recebeu mais de 149,8 mil pedidos de registro de candidaturas femininas para as eleições de outubro deste ano. Desses, 5,7 mil são para os cargos de prefeito e vice-prefeito, enquanto 144,1 mil são para a Câmara de Vereadores.

 

Em 2024, as candidaturas femininas representam 33,94% do total. Em 2020, ano das últimas eleições municipais, representaram 33,5% — portanto, praticamente uma estabilidade.

 

Naquele ano, os registros de mulheres para a disputa de prefeito somaram mais de 6,8 mil, enquanto para vereador alcançaram 180,2 mil.

 

O que pode explicar a queda no número de candidatos?

Para a doutora em ciência política Vera Chaia, professora de Política da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, descrença na política, custo das campanhas eleitorais e limitações impostas por coligações às legendas que as compõem são hipóteses para explicar a queda.

 

“[É preciso] Ver a relação entre os partidos políticos com as regiões e candidatos. Isso porque quem escolhe os candidatos são os partidos e preferem aqueles que possuem maior capital político, que tragam rendimentos políticos para os partidos”, analisa a especialista.

 

O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Jairo Nicolau afirma que o país passa por um processo de compactação do quadro partidário (o fim das coligações, por exemplo, reduziu o número de partidos que conseguiram eleger vereadores em 73% das cidades em 2020), o que diminui a margem para erro das legendas.

 

“Se eu lanço um candidato a prefeito, por exemplo, numa cidade média. Se não tem dinheiro, se ele não é competitivo, você está perdendo tempo. Vários partidos passaram a fazer essa conta porque o cenário agora é de restrição”, aponta.