Inflação fica em 0,24% em junho e ainda atinge 5,35% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,24% em junho, levemente abaixo da taxa de 0,26% registrada em maio, informou nesta quinta-feira, 10, o IBGE

 

Em 12 meses, o IPCA teve uma leve aceleração, subindo para 5,35%, acima dos 5,32% dos 12 meses imediatamente anteriores, estourando o teto da meta que era de 4,5%.

 

O resultado veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,20 por cento em junho, acumulando em 12 meses alta de 5,32 por cento.

 

Com o resultado, ficou confirmado que o Brasil descumpriu a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Pela nova regra da meta contínua — em vigor desde janeiro — há descumprimento quando a inflação oficial fica fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos.

 

Com isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deverá publicar uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos do desvio e as medidas a serem tomadas.

 

Energia elétrica foi a vilã do mês

Segundo o IBGE, o resultado mensal foi influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial, que, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, registrou aumento de 2,96% no mês, sendo o subitem de maior impacto individual no índice: 0,12 ponto percentual, respondendo por quase metade do IPCA de junho.

 

“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, afirma Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

 

Alimentos registram primeira queda em 10 meses

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, em junho, apenas o grupo Alimentação e bebidas apresentou variação negativa (-0,18%), após a alta de 0,17% em maio, impulsionada principalmente pela alimentação no domicílio,  que saiu de 0,02% em maio para -0,43% em junho, com as quedas do ovo de galinha (-6,58%), do arroz (-3,23%) e das frutas (-2,22%). No lado das altas destaca-se o tomate (3,25%).

 

A queda no grupo Alimentação e bebidas se reflete no índice de difusão do mês de junho, ou seja, no percentual de subitens que tiveram resultado positivo, que passou de 60% em maio para 54% em junho. “Foi o menor índice de difusão desde julho de 2024 (47%), quando o grupo Alimentação também apresentou uma redução em sua taxa (-1,00%)”, observa o gerente. “Se tirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%. E se tirássemos a energia elétrica, ficaria em 0,13%”, explica o gerente.

 

Veja o resultado dos grupos do IPCA em maio

Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:

  • Habitação: 0,99%
  • Artigos de residência: 0,08%;
  • Vestuário: 0,75%;
  • Transportes: 0,27%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,07%;
  • Despesas pessoais: 0,23%;
  • Educação: 0,00%;
  • Comunicação: 0,11%.

Apenas um item dos grupos pesquisados teve queda:

  • Alimentação e bebidas: -0,18%