Contas em atraso das famílias sobe a 6,5% em julho, maior patamar em mais de 12 anos. Rotativo do cartão é vilão

A inadimplência das famílias no crédito com recursos livres aumentou de 6,3% para 6,5% de junho para julho, alcançando o maior patamar desde maio de 2013 (6,6%) — um recorde de mais de 12 anos —, mostram dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira.

 

Rotativo do cartão segue o maior vilão

Por modalidade de crédito, o maior aumento foi verificado no rotativo do cartão de crédito, cuja elevação foi de 3,0 pontos percentuais, de 57,5% para 60,5% — o maior nível da série histórica do BC, iniciada em 2011.

 

— O cartão rotativo é uma modalidade absolutamente emergencial, que deve ser evitada pelos clientes sempre que possível, porque são operações de curtíssimo prazo, com taxas de juros especialmente elevadas. Agora, em julho, chegaram a 446,6%. Tem se mantido nesse mesmo nível há bastante tempo.

 

Em relação ao rotativo, Rocha ainda informou que quatro instituições financeiras reportaram cobrança de juros superior ao permitido pela lei. Desde o início de 2024, os juros e encargos não podem ultrapassar 100% do valor da dívida original. Ou seja, se uma dívida é de R$ 1.000, a soma dos juros e encargos do refinanciamento acrescidos ao débito em aberto não pode ultrapassar R$ 1.000.

 

A regra foi estabelecida para tentar conter os juros cobrados na modalidade, que são muito maiores do que a taxa básica de juros (Selic), que hoje está em 15% ao ano. As instituições cobrando acima do chamado “muro inglês”, esse teto, são Via Certa Financiadora (115,59%), Banco XP (208,33%), Sicoob (363,33%) e e Banco Rendimento (971,43%).

 

No caso da última instituição financeira, Rocha reconheceu que poderia ser um erro no momento de repassar a informação. Em relação à XP e Sicoob, o técnico do BC afirmou que as instituições disseram que já tomaram providências para regularizar a situação.

 

— Isso é uma evidência possível de infração da lei — disse Rocha. — O BC está acompanhando os casos que indicam percentual acima do permitido em lei, orientando envio correto das informações. Instituições com cobranças indevidas estão sujeitas a ações de supervisão e ações cabíveis.

 

Em nota, o Banco Rendimento afirmou que os valores de juros e encargos do cartão de crédito, cobrados no mês de julho pela empresa, estão dentro do teto permitido pelo Banco Central. “A empresa já está em contato com o Banco Central para solicitar a correção da informação.”