A economia brasileira atingiu o fundo do poço? Quando começa a recuperação?Em meio a este turbilhão de dúvidas, o Brasil parece que conseguiu a “tempestade perfeita”
São três notícias em sequência que contribuem para isso. A primeira delas: nesta quarta-feira (16), o Brasil sofreu a segunda perda do grau de investimento, dessa vez pela agência classificadora de risco Fitch. As agências fazem uma avaliação da capacidade de um país ou empresa em pagar suas dívida. Em setembro a agência Standard & Poor´s já havia rebaixado a nota do Brasil para o grau especulativo . A segunda notícia ruim foi o aumento da taxa de juros pelos Estados Unidos que nos afetam diretamente, e a última notícia ruim é a provável saída do Ministro Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, o que pode aumentar ainda mais as incertezas em relação a nossa economia.
A perda do selo de bom pagador tende a enxugar e encarecer o crédito para um país e para as empresas ali sediadas, além de contribuir para uma saída de dólares e o enfraquecimento da moeda local – no nosso caso, o real. A decisão, embora já fosse esperada, é considerada emblemática porque quando duas das três grandes agências internacionais de classificação de risco tiram o selo de bom pagador de um país, muitos fundos de pensão e de investimento são obrigados, por seus estatutos, a retirar os recursos que possuem aplicados em títulos e papéis desse local.
A decisão sobre o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos afeta o Brasil, pois os
Estados Unidos são considerados a economia mais segura do mundo. Um aumento da taxa de juros lá, ainda que mínimo, tem a capacidade de tirar recursos investidos em outros países e levar esse dinheiro para aquele país, provocando uma desvalorização das moedas. Com menos dólares no Brasil, por exemplo, o real fica mais fraco e o dólar sobe. No caso do Brasil, a preocupação é ainda maior, pois a situação econômica e política interna está extremamente conturbada. aliado ao fato de o Brasil ter sofrido a segunda perda do grau de investimento.
Se não bastasse isso, há fortíssimos rumores que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, teria acertado sua demissão com a presidenta Dilma Rousseff . Segundo o jornal “Valor Econômico” nesta quarta-feira, Levy teria acordado permanecer no Ministério enquanto o governo procusse por um substituto e a situação política permanecer ainda é instável. O Planalto teria pedido a Levy que essa transição seja feita de maneira “suave e discreta” para evitar ao máximo impactos no mercado financeiro,de acordo com a publicação.
A saída do Ministro, agravaria , mesmo que temporariamente, ainda mais as incertezas em relação a nossa economia, que aliado aos outros dois acontecimentos mencionados, afugentariam os investidores provocando a tempestade perfeita: grave crise política, desemprego, inflação, juros e dólar em alta e rebaixamento do país.
«A tempestade perfeita» é um conceito celebrizado num livro de Sebastian Junger. A história relata um acontecimento de 1991, que ficou conhecido como «the perfect storm» e que reuniu em simultâneo vários fenômenos atmosféricos com um efeito único e quase irrepetível. A expressão foi inventada para designar uma catástrofe natural causada pela rara conjunção de várias condições meteorológicas adversas. Quando aplicado no sentido econômico, ela significa a conjunção de fatores negativos que podem resultar em uma grave crise na economia.