A dificuldade dos brasileiros de encontrar trabalho depois dos 50 anos: mulheres são as que mais sofrem

Uma pesquisa realizada no meio do ano passado, pelas companhias Robert Half e Labora, que atuam na área de recrutamento e inovação, mostra que cerca de 70% das empresas contrataram muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos. Na prática, isso representa 5% das novas contratações.

 

Feito com mais 258 empresas, o estudo aponta ainda que cerca de 80% dessas organizações ainda não “estabeleceram métricas para avaliar o sucesso de suas iniciativas de inclusão da diversidade geracional”.

 

O desemprego nessa idade chama ainda mais atenção, segundo os últimos números divulgados pela empresa IDados, consultoria especializada em análise de dados e soluções para aumentar o impacto e produtividade de empresas, organizações públicas e do terceiro setor.

 

De acordo com a entidade, em 2012, o número de desempregados acima de 50 anos era de 508,9 mil pessoas. Atualmente, eles já são aproximadamente 1,4 milhão de pessoas em busca de oportunidade de trabalho

 

Mulheres 50+ sofrem mais para conseguir emprego

A questão de gênero é um forte indicativo quando se trata de  desemprego entre pessoas acima dos 50 anos. No caso das mulheres, a dificuldade para uma recolocação se inicia até antes dessa idade.

 

“As mulheres começam a perceber o envelhecimento delas na força de trabalho aos 40 anos de idade”, afirma Maria José Tonelli, professora no departamento de Administração Geral e Recursos Humanos na FGV-EAESP.

 

Há, ainda, uma cobrança excessiva em relação à aparência da mulher que, muitas vezes, não ocorre da mesma forma com os homens. Esse estigma social, segundo Tonelli, se reflete constantemente no mercado de trabalho.

 

“Se a mulher deixa o cabelo branco é vista como desleixada. Mas os homens que ficam com cabelo branco não são vistos com preconceito. Neles, isso significa experiência.”

 

Ainda de acordo com o estudo da Robert Half e Labora, os profissionais dessa faixa etária que ainda atuam no mercado são em sua maioria brancos e homens.

 

O levantamento também apontou que, das 258 empresas que participaram da pesquisa, 36,47% afirmaram que têm menos de 5% de mulheres 50+ no quadro de funcionários. Já 9% das empresas que responderam não tinham nenhuma mulher 50+.

 

De acordo com especialistas, esses efeitos são ainda mais intensos no caso de mulheres pretas, que também precisam lidar com questões misóginas e racistas.