O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) decidiu, mais uma vez, manter a taxa básica de juros inalterada. Como esperado por economistas e agentes do mercado financeiro, a Selic permanece em 10,50% ao ano.
A novidade que sai da reunião desta quarta-feira (30), no entanto, foi o tom mais duro do comunicado.
Economistas destacam que, desde a última reunião do Copom, houve uma importante desvalorização do câmbio e nova piora das expectativas de inflação, que obrigaram o Comitê a ter uma postura mais agressiva com a condução dos juros.
O comunicado desta quarta reforçou a perspectiva de que o colegiado pode voltar a subir a taxa Selic se julgar necessário. O Comitê afirmou que “segue vigilante” e que eventuais ajustes na taxa básica seguirão o “firme compromisso” da instituição em convergir a inflação à meta.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, diz trecho do documento.
As razões apresentadas pelo Copom
O Banco Central voltou a citar que as contas públicas têm impacto nas decisões sobre os juros no país. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem a meta de déficit zero nesse ano e em 2025. Mas há receio no mercado sobre a viabilidade desse objetivo.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o comunicado.
O texto menciona ainda as incertezas externas e o aquecimento do mercado de trabalho no país.
Por isso, ao anunciar a decisão unânime de manter a taxa inalterada, o Comitê ressaltou também “que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta”.
“O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, concluiu.