O Banco Central informou terça-feira (1º) que elevou a sua estimativa de inflação para o ano de 2023 de 4,6%, em setembro, para 4,8% no fim de outubro.
Com isso, a expectativa passou a ficar acima do teto de meta no próximo ano.
Para 2023, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
As informações constam da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida na semana passada.
Para este ano, o BC estimou que a inflação ficará em 5,8%, acima do teto de 5%. A instituição já admitiu que a chance de estouro da meta é muito alta em 2022.
O BC também alertou para a alta de gastos públicos .
Definição da taxa de juros
Apesar de a sua projeção oficial ter estourado o teto da meta de inflação no próximo ano, a instituição optou por manter a taxa básica de juros estável em 13,75% ao ano na última semana.
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
O Copom reiterou, entretanto, que, ao fixar o nível da taxa Selic, está mirando na meta de inflação um pouco mais adiante, nos doze meses que se encerram no primeiro trimestre de 2024.
Além disso, voltou a indicar que manterá a taxa básica da economia em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos, por um “período suficientemente prolongado” de tempo, e não afastou a possibilidade de voltar ao subir a taxa Selic caso julgue necessário.
” O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, informou.
A interrupção do ciclo de alta, que contemplou 12 elevações seguidas na Selic, aconteceu em setembro. Foi o maior e mais longo processo de subida do juro em 23 anos. de alta desde 1999.
Alerta para alta de gastos públicos
Na ata do Copom, o Banco Central voltou a alertar para o aumento de gastos públicos, que se intensificou durante as eleições presidenciais, e a incerteza sobre a trajetória para as contas públicas a partir de 2023.
Por meio da chamada PEC Kamikaze, o governo conceder uma série de benefícios sociais às vésperas da eleição presidencial.
No segundo turno, tanto Jair Bolsonaro quando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fizeram promessas com impacto nas contas, como correção da tabela do Imposto de Renda, ampliação de gastos sociais e elevação real do salário mínimo.
“O Comitê avalia que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal”, informou.
O BC reiterou que o aumento de gastos pode afetar a inflação, pressionando-a, como, por exemplo, uma expansão maior do nível de atividade e no preço de ativos (como alta do dólar, por exemplo).
A expectativa do governo é de que, após registrar um saldo positivo neste ano, de cerca de R$ 40 bilhões, as contas do governo sofrerão deterioração em 2023. A previsão que consta no orçamento é de um rombo de R$ 65,9 bilhões.
Com o aumento de gastos e de promessas com a proximidade das eleições, analistas avaliam que essa projeção é pouco realista, pois o rombo será maior ano que vem.
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