O Brasil se afastou do topo do ranking da inflação entre as principais economias do mundo. Após 16 dos 20 membros do G20 (grupo dos 19 países mais ricos e um bloco com integrantes da União Europeia) terem divulgado a inflação de agosto, o Brasil figura na 8ª posição, segundo dados compilados na plataforma da Bloomberg.
Antes, o Brasil estava em 4ª lugar, considerando levantamento realizado na primeira quinzena de agosto com dados referentes a julho.
Há dois motivos principais para essa mudança de posição. O primeiro é o registro do segundo mês consecutivo de queda do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no Brasil, que em agosto foi puxado para baixo pela recuo dos preços dos combustíveis.
Isso fez a inflação cair para 8,73% no acumulado em 12 meses até agosto, após ter ficado em 10,07% até o mês anterior.
A outra causa para a queda do Brasil no ranking inflação foi a aceleração dos preços ao consumidor nas principais economias da Europa.
A inflação acumulada em 12 meses até agosto na zona do euro atingiu o valor recorde de 9,1%, segundo dados divulgados pelo escritório de estatísticas da União Europeia Eurostat na última sexta-feira (16). É a taxa mais elevada desde a criação do euro, em 1999.
Também aparecem à frente do Brasil no ranking o Reino Unido (9,9%), a Itália (9,1%) e a Alemanha (8,8%).
A Turquia permanece firme no topo, com uma inflação de 80,2%. Também continuam no pódio a Argentina, com uma taxa de 69,2%, e a Rússia, com 14,3%.
Posicionados no centro do ranking, os Estados Unidos divulgaram também na semana passada que o seu índice de preços acumulado em 12 meses ficou em 8,3%, após uma surpreendente alta de 0,1%. Economistas projetavam deflação de 0,1%.
A antecipação do Banco Central brasileiro em relação às principais economia quanto à política de elevação de juros e as medidas adotadas pelo governo federal para redução do custo dos combustíveis, com destaque para a redução das alíquotas de ICMS, foram as principais medidas responsáveis por ter colocado a inflação Brasil em declínio em relação aos países do G20, segundo Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed.
“O Brasil sabe lidar com a inflação porque, infelizmente, já está acostumado”, comentou Fares.
Nicola Tingas, economista da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), chama a atenção, porém, para o fato de que as perspectivas inflacionárias para o Brasil seguem muito acima das metas estabelecidas pelo Banco Central para este e para os próximos anos.
“Apesar da acomodação de alguns preços, como é o caso do petróleo, que levaram à revisão para baixo do IPCA, dificilmente vamos chegar ao final de 2022 dentro do teto da meta de 5%”, comentou.