O Brasil possui um estoque de fertilizantes para os próximos três meses, disse a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), nesta quinta-feira (3), com base em informações do mercado.
O abastecimento de fertilizantes para o plantio da safra 22/23 é uma das principais preocupações dos agricultores brasileiros em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, já que os russos são os principais fornecedores do insumo usado nas lavouras brasileiras.
A nota da Anda vai ao encontro do que disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na última quarta-feira (2), de que não há risco de desabastecimento de fertilizantes para a safra atual brasileira, mas que a preocupação, segundo ela, é com o abastecimento para a próxima safra, que começa a ser plantada a partir de setembro.
Os fertilizantes químicos funcionam como um tipo de adubo, usados para preparar e estimular a terra para o plantio.
A ministra fará, no próximo dia 12, uma visita ao Canadá, país que foi o quarto maior fornecedor de adubos ou fertilizantes químicos em 2021, atrás apenas de Rússia, China e Marrocos.
Tipos de fertilizantes
“A Anda segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia”, disse a associação. “E a atenção justifica-se, dado que três milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia”.
A entidade afirmou ainda que outro ponto de atenção é a negociação de fertilizantes nitrogenados, em especial, o nitrato de amônio, porque o agronegócio brasileiro importa um volume expressivo da Rússia.
Já com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual, disse a nota.
Guerra ainda não impacta
A Anda afirmou ainda que, apesar das restrições bancárias impostas pelo Ocidente à Rússia, as transações estão sendo realizadas entre as empresas privadas.
Por outro lado, destacou que há uma preocupação em relação à logística marítima “por conta das restrições que estão inibindo o fluxo de navios à região do conflito, acarretando dificuldades para transportar os insumos, como registrado nas operações no Mar Negro. Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando”.
No caso específico da Bielorrússia, a associação afirmou que o setor já encontrava restrições, devido às sanções internacionais relativas ao posicionamento de seu governo, contestado pela maioria das ações.
“Dentre as sanções, a proibição do transporte de produtos bielorrussos, incluindo o potássio, pelo território da Lituânia impossibilita o acesso aos portos marítimos.”
“A Anda reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo”.
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