A proporção de brasileiros com dívidas a vencer alcançou 76,1% em janeiro, segundo os dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada hoje (7) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Na comparação com janeiro de 2021, a proporção de brasileiros com dívidas saltou 9,6 p.p. em um ano. Em relação a dezembro de 2021, a queda foi de 0,2 ponto porcentual (p.p.). Esta foi a primeira redução ante o mês anterior após 13 meses seguidos de altas.
Financiamento mais caro
A CNC atribuiu a queda de janeiro ante dezembro ao ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic, hoje em 10,75% ao ano), que encarece as parcelas dos financiamentos. Esse encarecimento freou a contratação de financiamentos, segundo a entidade.
“Os dados recentes disponibilizados pelo Banco Central, em dezembro de 2021, apontaram aumento de 37,2% para 45,1% nas taxas médias das linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas”, disse a CNC em nota.
“Além disso, mesmo tendo apresentado crescimento de 10,6% em termos reais em 2021, de novembro para dezembro, as concessões de crédito tiveram queda de 22,2% na média diária”, afirmou.
Inadimplência
Enquanto o encarecimento do crédito freou a contratação de financiamentos, a inadimplência apresentou alta.
“O indicador registrou crescimento mensal de 0,2 p.p. e anual de 1,6 p.p., atingindo 26,4% do total de famílias no país, o maior nível desde agosto de 2020 e a maior proporção para meses de janeiro observada na série histórica da Peic”, pontuou a nota da CNC.
Já a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso, ou seja, aqueles entre os inadimplentes que deverão permanecer nessa situação, apresentou leve expansão, de 0,1 p.p.
Na comparação com janeiro de 2021, entretanto, o porcentual contou com queda de 0,8 ponto, informou a CNC.
Impacto sobre os mais pobres
O aperto na política de juros pesou mais sobre os mais pobres. Na análise por faixas de renda, entre as famílias com ganhos de até dez salários mínimos, o porcentual de endividados teve redução de 0,3 p.p., alcançando 77,4%, a primeira queda desde outubro de 2020.
Já para a parcela de famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, o endividamento cresceu 0,3 p.p., atingindo a maior proporção de endividados na série histórica, 71,2%.
A continuidade da alta do endividamento entre os mais ricos pode ser uma reação do sucesso da vacinação, apesar da nova onda de casos de covid-19, com a variante ômicron.
“Com a maior flexibilização, as famílias no grupo de renda mais elevada têm revertido suas poupanças, ampliadas durante a pandemia, para o consumo, especialmente de serviços”, disse a nota da CNC.