A caderneta de poupança é o lugar preferido do brasileiro para depositar suas economias. Um a cada quatro brasileiros usa a poupança para investir – e o número é ainda maior entre os mais ricos. Os dados são da última edição da pesquisa “Raio X do Investidor”, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais).
O levantamento mostrou, também, que outros 3%, ou seja, 6,4 milhões de brasileiros, ainda optam por deixar o que sobra no mês guardado em casa. Esse número é maior do que quem investe em Bolsa, previdência privada e até Tesouro Direto.
A pesquisa mostrou que o brasileiro investe nesses ativos:
Caderneta de poupança: 26% (23% em 2021)
Fundos de investimento: 4% (3% em 2021)
Títulos privados: 4% (2% em 2021)
Compra e venda de imóveis: 4% (2% em 2021)
Moedas digitais: 3% (2% em 2021)
Em casa/no colchão: 3% (2% em 2021)
Ações na Bolsa de Valores: 2% (2% em 2021)
Previdência privada: 2% (1% em 2021)
Títulos públicos via Tesouro Direto: 1% (2% em 2021)
Moedas estrangeiras: 1% (1% em 2021)
Não conhece/não utiliza: 58% (66% em 2021)
Pesquisa mostra como brasileiro investe
Só 36% dos brasileiros investem seu dinheiro. Em 2021, esse número era ainda menor, de 31%. A classe mais rica também é a que mais investe. 57% das pessoas nas classes A/B investem seu dinheiro, contra 36% na classe C e 20% na classe D/E.
As variações entre as duas edições do “Raio X do Investidor” estão dentro da margem de erro. Os dados foram colhidos entre 9 e 29 de novembro de 2022, por meio de entrevistas com 5.818 indivíduos, das classes A/B, C, D/E, de 16 anos ou mais, das cinco regiões do país.
Poupança é preferida
A poupança é o investimento mais usado pelo brasileiro.
A presença de aplicações em poupança é ainda maior nas classes A/B. Cerca de 34% da população dessa classe investe na poupança. Em seguida, aparecem as classes C (27%) e D/E (17%).
Classe mais rica investe mais. De maneira geral, a população A/B investe mais que a média da população. Apenas 37% das pessoas desse segmento não aplicam seu dinheiro. Já na classe C essa fatia é de 58% e na classe D/E, de 75%.
Idade também faz diferença. A geração Z (16 a 25 anos) é a menos apegada à poupança, segundo a pesquisa, com apenas 16% aplicando na caderneta. Eles são os que se aventuram entre outros modelos, como fundos de investimento (7%) e moedas digitais (7%). O número é quase metade em comparação com as outras faixas etárias: millennials (25%); geração x (31%); boomers (30%) e maiores de 76 anos (25%).
Dinheiro no colchão
A pesquisa também revelou que 3% da população brasileira ainda guarda dinheiro em casa ou “debaixo do colchão”. A fatia pode significar que 6,4 milhões de pessoas optam por guardar as economias em dinheiro vivo do que aplicá-lo.
A poupança será substituída?
Ainda que a caderneta de poupança seja a modalidade mais popular, ela é também uma das alternativas menos rentáveis para aplicar dinheiro. A popularidade da caderneta se deve, principalmente, à estabilidade da modalidade e à cultura do brasileiro.
A poupança traz uma concretude para as pessoas, coisa que elas não veem muito em outros produtos de investimento, mesmo aqueles que sejam similares em risco e tenham mais rentabilidade.
Mas a tendência é que a preferência do brasileiro mude em breve. Isso porque a pesquisa também mostrou que os mais jovens estão explorando mais a variedade de investimentos disponíveis. “É um sinal positivo de que a nova leva de investidores que está entrando no mercado está vindo com cabeça de diversificação, não estão olhando necessariamente para apenas um tipo. Eles conhecem mais e pretendem usar mais tipos de investimento, o que é saudável”, afirma.
Esse movimento pode receber um incentivo a mais quando as taxas de juros voltarem a cair, empurrando para baixo o rendimento da poupança. Isso vai estimular as pessoas a experimentarem mais.