Pela primeira desde setembro de 2022, a inflação mensal, medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), registrou recuo. A queda foi de 0,08%.
Com esse resultado, a marcha da inflação, no acumulado em 12 meses, desceu para 3,16%. É a primeira vez também desde outubro de 2020 a inflação se acomoda no centro da meta fixada para 2023, que é de 3,25%.
Alta de preços volta já em julho
O número de junho, pelas projeções, será o mais baixo do ano. Para julho, as previsões são de inflação zero, mas mesmo assim, na variação no acumulado em 12 meses, já voltará a subir. As altas de preços, no segundo semestre, contudo, serão moderadas.
A cada mês, a inflação deve variar entre altas de 0,3% e de 0,6%, atingindo em setembro um pico anual de 5,3%, no acumulado em 12 meses. O destaque deverá ficar com os alimentos no domicílio, que podem mostrar estabilidade ou até mesmo pequena deflação no conjunto de 2023, de acordo com as projeções mais recentes do economista Fabio Romão, experiente especialista em acompanhamento de preços da LCA Consultores.
Discussão sobre o nível do corte nos juros
Ambiente atual e cenário prospectivo da evolução dos preços exclui praticamente qualquer argumento para que o Banco Central não inicie um ciclo de cortes na taxa básica de juros (taxa Selic) em agosto. A dúvida vai se dirigir para o tamanho do primeiro corte — de 0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto.
As trajetórias dos núcleos de inflação — índices que excluem altas ou baixas de preços eventuais ou que ocorrem apenas em determinadas épocas do ano — ainda correm acima da curva do IPCA cheio. O mesmo se verifica com as variações de preço específicas no setor de serviços.
Isso sugere corte mais contido de 0,25 ponto em agosto. Essa previsão é reforçada pela possível nova elevação nos juros de referência nos Estados Unidos, na reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), marcada para fins de julho.
As estimativas são de aceleração no ritmo dos cortes, para 0,5 ponto em cada em cada uma das três decisões restantes no ano. Com queda total de 1,75 ponto no segundo semestre, a taxa Selic sairia dos atuais 13,75% e fecharia o ano no nível de 12%.
Taxa real de juros continuará alta
Será um alívio efetivo na oferta de dinheiro e de crédito, que terá influência positiva na atividade econômica, incentivando tanto o consumo quanto decisões de investimentos, caso o cenário mais provável das projeções se confirme. Mas, ainda assim, manterá a taxa real de juros em patamares elevados, acima de 6,5%, entre as mais altas do mundo.
No fim do ano, a inflação deverá se mostrar contida em torno de 5%. Ainda assim, ficaria acima do teto do intervalo de tolerância do sistema de metas, que está fixado em 4,75% para 2023.