O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB) manteve, nesta quarta-feira (1º), a Selic, sua taxa básica de juros, em 13,75%, a mesma desde agosto de 2022, devido a um cenário de incerteza e pressões inflacionárias, informou a entidade em nota.
Em sua primeira reunião do ano e sob o governo do recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Copom manteve a Selic inalterada pela quarta vez consecutiva, alinhado com as expectativas do mercado.
“O ambiente externo segue marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano, alta volatilidade nos ativos financeiros e um ambiente inflacionário pressionado”, observou o Copom em comunicado.
No plano doméstico, o Copom ressaltou a “elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais”.
A decisão coincide com o consenso do mercado, que não esperava movimentos, segundo pesquisa realizada pelo jornal econômico Valor junto a mais de 100 consultorias e entidades financeiras.
O Comitê ainda afirmou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados” e que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”
Os analistas projetam atualmente uma queda da Selic para 12,50% até o final deste ano, conforme projeções coletadas na última pesquisa Focus do Banco Central.
O ciclo de alta das taxas durou ininterruptamente de março de 2021, quando atingiu a mínima histórica de 2% devido à pandemia, até agosto de 2022.
A intenção do Banco Central era controlar a alta da inflação, cujo indicador anual ultrapassou os dois dígitos por vários meses naquele período.
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro conseguiu moderar a alta de preços por meio de cortes de impostos e outras medidas, e a inflação fechou em 5,79% no ano passado, quase a metade da registrada em 2021.
Após dois anos acima da meta, as autoridades do Banco Central tentam novamente com uma política de juros altos alcançar a “convergência” da inflação com seu objetivo para 2023.
As expectativas de inflação, de 5,74% segundo a pesquisa Focus, ainda estão descoladas da meta do Banco Central, com teto de 4,75%.
O governo Lula estendeu o corte de impostos implementado por Bolsonaro sobre os combustíveis, um dos componentes de maior impacto na inflação. E nomeou um aliado, o ex-senador e economista Jean Paul Prates, presidente da Petrobras.
A inflação atingiu vários países do mundo, elevando as taxas de referência a nível global.
O aumento dos juros encarece o crédito, desestimula o consumo e o investimento, diminuindo a pressão sobre os preços.
O Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos aumentou nesta quarta-feira as suas taxas pela oitava vez, em 0,25 ponto percentual, para 4,50-4,75%, e anunciou que antevê novos aumentos este ano face a uma inflação que dá sinais de moderação, mas que ainda segue elevada.