O Banco Central do Brasil (BCB) manteve, nesta quarta-feira (26), sua taxa de juros de referência (Selic) em 13,75%, ponderando que, apesar da moderação recente, “a inflação ao consumidor continua elevada”.
O Comitê de Política Monetária (Copom) comunicou, ao finalizar sua reunião, que “decidiu manter a taxa Selic” sem mudanças, tal como havia feito em setembro, quando freou uma escalada de 12 altas consecutivas para combater o aumento dos preços.
“Apesar da queda recente concentrada nos itens voláteis [do índice de preços] e afetados por medidas tributárias, a inflação ao consumidor continua elevada”, assinalou o Copom em um comunicado, aludindo, entre outras coisas, aos cortes nos impostos sobre os combustíveis.
A decisão do BCB chega na reta final para a definição das eleições presidenciais entre o atual chefe de Estado Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo domingo.
As disposições do Copom coincidem com a expectativa unânime do mercado, refletida em uma pesquisa feita entre mais de uma centena de consultorias e instituições financeiras pelo jornal econômico Valor.
O Copom advertiu que “se manterá vigilante”, e que persistirá em sua estratégia de taxas altas “até que se consolide” a queda dos preços e seu alinhamento com as expectativas do BCB.
O comitê acrescentou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados, e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
Assim, a taxa Selic permanece no mesmo nível desde agosto, quando o comitê aplicou o último aumento, de meio ponto percentual, no ciclo de altas iniciado em março de 2021.
A tendência de inflação alta foi interrompida nos últimos meses: os preços caíram em julho (-0,68%), agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%).
As sucessivas baixas reduziram as previsões do mercado, que agora espera uma inflação de 5,6% até o fim deste ano, quase metade do projetado inicialmente, segundo o boletim Focus do BCB publicado esta semana.
Os economistas, no entanto, advertem, em linha com o comunicado do Copom, que a tendência negativa dos preços não está consolidada e que a inflação ainda é uma ameaça.
Mantendo a Selic alta, o Copom tem a intenção de fazer com que a inflação de 2023, prevista pelo mercado em quase 5%, convirja para a meta de 3,25% estabelecida pelo Banco Central. Apenas assim, a entidade poderia começar a reduzir a Selic, segundo analistas.
Para Carlos Macedo, economista de Warren, a “novidade” está no “consenso entre os membros do Copom”, que tinham divergido na reunião anterior. O especialista assinalou que o mercado também espera uma taxa constante para a próxima reunião do comitê, que acontece em dezembro.
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