Com o crescimento das compras online e avanço do uso de meios digitais em meio à pandemia de coronavírus, houve um aumento significativo nas fraudes ocorridas pela internet, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
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De acordo com o levantamento, 59% dos internautas sofreram algum tipo de fraude financeira nos últimos 12 meses, contra 46% em 2019. Isso corresponde a um contingente 16,7 milhões de brasileiros.
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De acordo com o estudo, 51% das vítimas são mulheres, 49% são homens e 56% pertencem à classe C, enquanto que 44% são da classe A/B. A idade média dos internautas que sofreram fraude nos últimos 12 meses é de 39 anos, sendo que mais da metade das vítimas (53,6%) tem ao menos o ensino médio completo.
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Considerando o ranking das fraudes mais comuns, o não recebimento de produto ou serviço, a clonagem de cartão e os golpes através de ligações ou mensagens foram as mais citadas pelos entrevistados.
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A pesquisa, feita em parceria com o Sebrae, entrevistou 949 internautas com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas, em todas as capitais do país, com margem de erro de 3 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%. A coleta foi feita entre 15 de abril a 30 de abril de 2021.
Prejuízo estimado de R$ 2,7 bilhões
O estudo estima que o prejuízo decorrente de fraudes financeiras sofridas no universo dos internautas brasileiros chegou a R$ 2,7 bilhões nos últimos 12 meses, incluídos os gastos na busca de reparação do problema.
O valor médio do prejuízo por conta da fraude foi de R$ 512,4, sendo que 20% dos entrevistados mencionaram um valor acima de R$ 800.
Principais locais e momentos em que as fraudes são descobertas
Com relação ao tipo de lugar onde o golpe aconteceu, as lojas online foram as mais citadas pelas vítimas (38,8%). Em seguida, aparecem os sites de compra e venda de produtos novos ou usados (15%), bancos (8,9%) e financeiras (7,1%).
A descoberta da fraude ocorreu principalmente através do recebimento de SMS informando compras no cartão que não foram realizadas pelo titular (12,6%). Outros 9% só descobriram compras indevidas quando receberam a fatura do cartão. Outras formas de descoberta mencionadas foram o contato de uma empresa de cobrança de dívidas (8,5%); o surgimento de valores estranhos no extrato bancário (8,3%); o não recebimento do produto comprado (7,2%) e a impossibilidade de sacar valores investidos (7%).
65% diz ter recuperado ao menos uma parte
De acordo a pesquisa, 65% conseguiram recuperar ao menos uma parte do que perdeu, sendo que 43% recuperaram todo o valor – esse percentual cresceu 11 pontos na comparação com o observado em 2019 (32%).
Entre aqueles que foram vítimas de alguma fraude, 27% disseram que conseguiram resolver o problema em menos de um mês, 24% levaram entre 1 mês e seis meses, 7% resolveram num prazo entre 7 a 12 meses, e 29% ainda não conseguiram uma solução.
As principais medidas citadas para solucionar o problema e reparar os danos foram o contato com o banco e administradora de cartão (27%), a negociação com a empresa, pessoa ou instituição financeira (18%); a abertura de boletim de ocorrência na polícia (16%); e a procura de órgão de defesa do consumidor (12%).
Na avaliação do presidente da CNDL, é importante que consumidores, empresas e poder público se unam por um debate mais amplo e por medidas que tragam mais segurança para os consumidores.
“O estudo mostra que a perda de documentos e o fornecimento inadvertido de dados, sobretudo através de atualizações cadastrais, e-mail, mensagens instantâneas ou chamadas telefônicas, são alguns dos fatores que antecederam o golpe e podem ter sido a porta de entrada dos criminosos”, destaca José Cesar da Costa. “É importante que o consumidor fique atento a promessas fora do “normal”, sempre buscando informações sobre as empresas contratadas”, acrescenta.
Outros destaques apontados pela pesquisa:
- 19% dos internautas vítimas de fraude foram incluídos nos cadastros de devedores, sendo que 12% conseguiram resolver e 7% ainda permanecem com restrição no nome;
- 47% relataram ter sofrido stress por causa da fraudes e 11% relataram depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos;
- 92% dos consumidores admitem dificuldades para se proteger contra fraudes financeiras;
- 62% dos entrevistados se consideram mais preparados para evitar esse tipo de crime após ter sofrido uma fraude;
- 91% das vítimas adotaram algum tipo de medida como não responder a emails ou telefonemas que solicitam informações pessoais (39%), não abrir mensagens de pessoas desconhecidas ou suspeitas (37%), fazer compras somente em locais confiáveis (37%) e não compartilhar dados pessoais nas redes sociais (36%).