Desemprego tem a maior já registrada pelo IBGE e atinge 13,4 milhões de pessoas

desemprego 26_02_21

A taxa média anual de desemprego no Brasil foi de 13,5% em 2020, a maior já registrada desde o início da série histórica em 2012. Os dados foram divulgados hoje e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na pesquisa anterior, referente ao trimestre encerrado em novembro, a taxa de desemprego estava em 14,1%.

 

A taxa de 13,5% verificada em 2020 corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas na fila por um trabalho no país. O resultado para o ano interrompe a queda iniciada em 2018, quando a taxa ficou em 12,3%. Em 2019, o desemprego foi de 11,9%

 

No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação atingiu 13,9%, depois de chegar a 14,6% no terceiro trimestre, encerrado em setembro “No ano passado, houve uma piora nas condições do mercado de trabalho em decorrência da pandemia de covid-19”, disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

 

“A necessidade de medidas de distanciamento social para o controle da propagação do vírus paralisaram temporariamente algumas atividades econômicas, o que também influenciou na decisão das pessoas de procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas ao longo do ano, um maior contingente de pessoas voltou a buscar uma ocupação, pressionando o mercado de trabalho”. disse Adriana Beringuy

 

Segundo o IBGE, no intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor número da série anual.

 

Veja os principais destaques da pesquisa

  • 2020 terminou com uma média de 13,4 milhões de desempregados, 6,7% a mais que em 2019;

 

  • Taxa média anual de desemprego subiu de 11,9% em 2019 para 13,5% em 2020, a mais alta desde 2012;

 

  • A população ocupada atingiu, na média anual, 86,1 milhões, o menor contingente desde 2012;

 

  • O número de trabalhadores com carteira assinada teve redução recorde (menos 2,6 milhões), ficando em 30,6 milhões, o menor contingente desde 2012;

 

  • O número de trabalhadores domésticos encolheu 19,2%, também a maior retração já registrada.

 

  • Contingente de empregados sem carteira assinada caiu 16,5% (menos 1,9 milhão de pessoas), enquanto que o de trabalhadores por conta própria encolheu 6,2%.

 

  • Taxa média de informalidade recuou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020;
  • O contingente de desalentados, na média anual, aumentou em 16,1% em relação a 2019, chegando a 5,5 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego;

 

  • Número de subutilizados chegou a 31,2 milhões, o maior da série anual, com alta de 13,1% (mais 3,6 milhões de pessoas);

 

  • Em 2020, a massa de rendimentos de todos os trabalhadores encolheu 3,6% frente ao ano anterior, somando R$ 213,4 bilhões.

 

Brasil perde 7,3 milhões de postos de trabalho no ano

Na média anual, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas, para 86,1 milhões, chegando ao menor número da série anual. “Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, destacou Beringuy.

 

No 4º trimestre, porém, a população ocupada aumentou 4,5% (mais 3,7 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior, chegando a 86,2 milhões.

 

“O que aconteceu no quarto trimestre não é um retrato do que ocorreu no mercado de trabalho no ano de 2020. Há um efeito sazonal específico do período influenciando as contratações”, explicou a pesquisadora.

 

O resultado do 4º trimestre ficou dentro do esperado pelo mercado. Mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 13,9% no período.

 

Só a administração pública criou vagas

Em um ano de perdas generalizadas na ocupação, a exceção foi a administração pública, que teve alta média de 1% no número de ocupados, com mais 172 mil trabalhadores, impulsionada pelos segmentos de saúde e educação.

 

Já o comércio acumulou perda de 9,6% na população ocupada no ano. A retração de 1,7 milhão de pessoas foi a maior redução anual entre as 10 atividades pesquisadas pelo IBGE em termos de contingente de trabalhadores.

 

Nos serviços, os maiores tombos foram nos segmentos de alojamento e alimentação (-21,3%) e serviços domésticos (-19%).

 

Já construção fechou 2020 com perda média de 12,5% na ocupação e indústria com queda de 8%.

 

Os menores percentuais de redução ficaram com agricultura (-2,5%) e informação e comunicação (-2,6%).

 

Falta trabalho para 32 milhões

Segundo o IBGE, havia 32 milhões de pessoas subutilizadas no Brasil no 4º trimestre. Na média anual, esse contingente chegou a 31,2 milhões, o maior da série anual, com alta de 13,1% (ou mais 3,6 milhões de pessoas subutilizadas) em relação a 2019. Já a taxa média de subutilização ficou em 28,1%, a maior da série anual, contra 24,2% em 2019 (24,2%).

 

O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais, mas poderiam e gostariam de trabalhar mais), e os que fazem parte da força de trabalho potencial (não estão procurando emprego por motivos diversos), incluindo os desalentados, que são aqueles que desistiram de procurar uma ocupação no mercado.

 

Perspectivas

Indicadores antecedentes têm mostrado uma desaceleração do ritmo de recuperação da atividade econômica neste começo de ano em meio ao término das medidas de auxílio governamental sem substitutos definidos. A queda da renda e a inflação “mais salgada” também têm levado mais pessoas a procurar um emprego, o que tende a manter a taxa de desemprego ainda elevada no 1º trimestre de 2021.

 

A média das projeções do mercado para o crescimento do PIB em 2021 tem sido revisada para baixo e está atualmente em 3,29%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.