Pode esquecer o que seus pais, guias de autoajuda ou sua religião talvez tenham lhe dito, porque dinheiro compra felicidade.
Essa, pelo menos, é a conclusão de dois estudos realizados. Um deles, dos estatísticos do Serviço Nacional de Estatística do Reino Unido, em um estudo no qual combinaram dados de pesquisas sobre patrimônio domiciliar e bem estar pessoal.
“A satisfação com a vida, o senso de valor e a felicidade são maiores, e a ansiedade menor, à medida que aumenta o patrimônio de um domicílio”, anunciou o serviço de estatística em um estudo divulgado neste mês.
De fato, uma forma muito específica de dinheiro mostra correlação especial com o bem estar: o patrimônio financeiro líquido, que envolve ações e títulos, dinheiro em contas bancárias ou dinheiro embaixo do colchão.
Outro estudo é do britânico Angus Deaton, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2015 por sua pesquisa sobre consumo, pobreza e bem-estar, mas diz que seu trabalho só mexeu com a imaginação do público quando ele escreveu sobre felicidade.
“É o único artigo que escrevi sobre o qual você ouve pessoas conversando em supermercados”, disse Deaton à BBC.
As conclusões de Deaton podem ser surpreendentes para quem pensa que felicidade não se compra.
O que é felicidade?
Filósofos discordam há milhares de anos sobre o significado de felicidade, o que torna o conceito difícil de medir.
E para quantificar a felicidade, Deaton diz ter se focado em duas perguntas.
Uma é a questão de curto prazo sobre felicidade cotidiana, e outra é a indagação mais ampla sobre o rumo geral da vida.
Ele poderia perguntar, por exemplo: “Aqui temos uma escada com o degrau zero sendo a pior vida possível que possa imaginar, e o degrau dez, a melhor. Onde você se colocaria?”
Dinheiro pode comprar felicidade
O professor Deaton diz que se você perguntar a alguém sobre o grau de satisfação dela, a resposta terá relação direta com a renda da pessoa.
Deste modo, ele diz, um bilionário como Bill Gates, da Microsoft, irá declarar maior satisfação com a vida do que alguém menos rico.
“É uma escala logarítmica, então você precisa de cada vez mais dinheiro para subir outro degrau, mas a escada nunca para de subir”, diz Deaton. “E isso é verdade não só para indivíduos, mas entre países.”
Então dinheiro pode comprar felicidade, ao menos no sentido de satisfação na vida.
Alegria cotidiana
Mas e a alegria do dia a dia? O que ocorre se você perguntar às pessoas: “Você teve um bom dia? Foi um dia estressante?”
O professor diz acreditar que o dinheiro também afete a felicidade nesse quesito, mas apenas para quem tenha renda anual superior a R$ 290 mil.
Ele afirma que quem ganha menos do que isso tende a se preocupar muito com dinheiro, e isso tornaria essas pessoas menos felizes.
“Quando aquele medo permanente vai embora, isso faz uma enorme diferença na vida das pessoas, e a falta de dinheiro pode te deixar bem para baixo no dia a dia”, diz Deaton, ressaltando que ganhos adicionais após esse “limite da felicidade” não fazem tanta diferença.
Em resumo, a resposta à pergunta “O dinheiro compra felicidade” depende de quanto dinheiro está em jogo e da definição de felicidade de cada um.