Em Portugal, Lula volta a criticar juros no Brasil: ‘ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%’. Presidente do Bacen defende a atual política

Presidente Lula 24_04_23O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta segunda-feira (24), durante evento em Portugal, o patamar atual da taxa básica de juros da economia brasileira.

 

A Selic está há oito meses em 13,75% ao ano, maior percentual desde 2016 e maior taxa de juros real (ou seja, descontada a inflação) do mundo. O Banco Central, responsável por definir esse patamar, diz que os juros altos são necessários para controlar a inflação.

 

“Nós temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém. E não existe dinheiro mais barato”, declarou Lula em um fórum com investidores em Matosinhos, no país europeu.

 

“E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem que circular. Não na mão de poucos, mas na mão de todos”, disse.

 

Presidente do Banco Central defende política de juros altos

Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a condução da política monetária em evento com políticos e investidores em Londresa. Segundo ele, se o Comitê de Política Monetária (Copom) não tivesse iniciado o ciclo de aperto monetário em 2021, a inflação este ano no Brasil seria de 10%, e os juros teriam que estar em 18,75%, o que levaria o país à recessão.

 

— Se a gente não tivesse subido os juros, a inflação de 5,8% seria de 10%. A inflação esperada para o outro ano seria de 14%. Se isso tivesse acontecido, basicamente, teríamos que estar com juros de 18,75% hoje para ter o mesmo objetivo — estima o presidente do BC.

 

Ele completou que, nesse caso, o país entraria em forte recessão no ano que vem. Campos Neto define a pressão para queda nos juros como “elemento político” e defende a “atuação técnica” do Banco Central.