Meio de pagamento mais usado no Brasil para compras à vista ou parceladas, os cartões de crédito movimentaram R$ 2 trilhões no ano passado, uma alta de 30%, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
Apesar de juros que ultrapassam 400% ao ano quando o cliente não consegue pagar a fatura em dia, a Abecs refuta nota publicada ontem na coluna, que diz que o crédito rotativo seria um dos fatores causadores do superendividamento da população brasileira, que conta com 70 milhões de negativados.
De acordo com a Abecs, dados do Banco Central mostram que “em torno de 75% de todo o saldo movimentado pelos cartões no Brasil não possuem qualquer cobrança de juros por parte dos emissores de cartão”. Ainda segundo a Abecs, o crédito rotativo representa apenas “2,9% do endividamento das famílias”.
— O uso diário do cartão pelos brasileiros se tornou sinônimo de segurança, praticidade, acesso às compras digitais, pagamento por aproximação e formalização da economia, entre muitos outros benefícios, o que não pode ser confundido com endividamento — disse o vice-presidente executivo da Abecs, Ricardo de Barros Vieira.
Em nota, a entidade afirmou que entende como “positivo o debate em torno do endividamento e do consumo consciente da população” e que apoia “medidas que tornem ainda mais transparente e sustentável a oferta de produtos financeiros, em especial o cartão de crédito”.
A associação diz ainda que o sistema de cartão de crédito no Brasil “conta com sofisticados modelos de análise de risco, bem como de gestão e concessão de crédito aos consumidores, o que contribui para a sustentabilidade do sistema e da economia como um todo”.
Segundo o estudo da FGV, a porcentagem de brasileiros utilizando cartão de crédito é de 60%, acima da média de utilização em países de alta renda (51%). São 190 milhões de cartões de crédito ativos, para uma população economicamente ativa de 107 milhões: praticamente 2 cartões por pessoa.
Para o professor da FGV Lauro Gonzalez, “são múltiplos os fatores que explicam o superendividamento, tais como taxa de juros, desemprego, renda, nível de educação financeira e características dos produtos de crédito sendo oferecidos. Devido ao grande aumento do número de cartões e às taxas de juros muito elevadas, os cartões acabam sendo um desses fatores”.