O número de famílias com dívidas em atraso atingiu o maior patamar desde março de 2010, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A inadimplência atingiu 27% dos lares brasileiros em fevereiro, 06% a mais do que o registrado em janeiro e 2,5% do que fevereiro de 2021. Já a parcela que declarou não ter condições de pagar as dívidas e, portanto, permanecerá inadimplente chegou a 10,5%, mesmo percentual registrado em fevereiro de 2021.
O estudo mostra também que 76,6% das famílias relataram ter dívidas a vencer, ou seja, estão endividadas. Há um ano, a proporção de endividados era de 66,7%.
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Entre as dívidas relatadas estão cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a escalada dos juros, que encarece o crédito, dificulta a renegociação das dívidas.
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“O panorama mostra que, na margem, o custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento alto entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a contratação de novas dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos”, afirma Tadros.
Mais dívidas para todos
Tanto o endividamento quanto a inadimplência cresceram entre os dois grupos de renda pesquisados. Nas famílias com ganhos de até 10 salários mínimos, o percentual de endividados chegou a 77,8% após ter apresentado queda na primeira leitura do ano.
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Já na parcela com renda acima de 10 salários mínimos, a proporção de endividados alcançou o maior patamar histórico: 72,2%.
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Entre os indicadores de inadimplência, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de até 10 salários mínimos atingiu o maior nível da série histórica para meses de fevereiro: 30,3%. Um ano antes, essa proporção era de 27,4%. Na parcela com maiores ganhos, o número também aumentou, chegando a 12,6%, o maior percentual desde abril de 2018.
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Cartão de crédito
O endividamento no cartão de crédito apresentou a primeira redução entre os endividados desde fevereiro de 2021, mas segue como o principal tipo de dívida no país. São 86,5% de famílias endividadas – 6,5% acima de fevereiro de 2021 e 7,9% maior do que em fevereiro de 2020, antes da crise sanitária causada pela pandemia.
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Segundo a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, o encarecimento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho devem seguir afetando a dinâmica do endividamento e da inadimplência, especialmente em ano de maior incerteza pelo processo eleitoral.
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“Consideramos necessárias e relevantes as alternativas que suportem o pagamento dos compromissos financeiros assumidos e a renegociação das dívidas ou contas não pagas”, alerta Ferreira.
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