Indústria do Brasil surpreende e cresce em junho pelo 2º mês, mas sem recuperar perdas

O setor industrial brasileiro surpreendeu e registrou alta da produção em junho pelo segundo mês seguido, mas ainda assim terminou o segundo trimestre sem conseguir recuperar perdas anteriores em meio às dificuldades apresentadas pelo encarecimento do crédito e com sinal de alerta aceso.

 

A produção industrial do Brasil avançou 0,1% em junho em relação ao mês anterior, resultado que contrariou a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,1%.

 

Em maio, a indústria registrou aumento da produção de 0,3%, mas os resultados positivos dos dois meses não revertem a queda de 0,6% vista em abril.

 

Ainda assim, a produção fechou o segundo trimestre com ganho de 0,4% em relação aos três meses anteriores, quando ficou estagnada.

 

Apesar disso, André Macedo, analista da pesquisa no IBGE, ressalta que o setor ainda está num patamar de produção equivalente ao começo de 2009 e “não consegue suplantar e sair disso há meses”, levantando um sinal de alerta.

 

“Resumindo, foi um resultado positivo preocupante. (Foi) concentrado, com menor espalhamento desde outubro do ano passado. Fica o alerta”, disse ele. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 0,3%, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em linha com a expectativa.

 

“Ainda que o primeiro semestre de 2023 mostre saldo positivo de 0,5% quando comparado com o patamar de dezembro de 2022, o ritmo está muito aquém do que o setor precisa para recuperar as perdas do passado recente, afinal, ainda se encontra 1,4% abaixo do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020”, completou Macedo.

 

Segundo especialistas, a indústria deve continuar enfrentando problemas à frente, pressionada pelos juros elevados, endividamento das famílias e pela estagnação global da atividade manufatureira.

A taxa básica Selic está em 13,75%, nível restritivo para a economia, mas a expectativa é de que o Banco Central inicie o afrouxamento monetário ao anunciar sua decisão de política monetária na quarta-feira, após dois dias de reuniões.