Os preços dos alimentos tem sido uma das preocupações dos consumidores brasileiros. No entanto, há uma “inflação invisível” que não é calculada, mas que faz essa alta se intensificar no bolso dos brasileiros: a reduflação.
O termo “reduflação” pode parecer complicado, mas define a diminuição do tamanho ou quantidade de produtos, com preços se mantendo inalterados ou com leve aumento. Em resumo, o consumidor continua pagando o mesmo valor (ou até mais caro) por um produto menor, ou seja, que rende menos.
A reduflação faz com que consumidores paguem igual ou mais por menor quantidade de um mesmo produto.
Renan Pieri, professor de economia da FGV EAESP, explica que reduflação não é um conceito acadêmico de ciências econômicas, mas é uma estratégia de mercado, usada principalmente no varejo, para lidar com possíveis aumentos de custos que deveriam virar aumentos de preços.
Ao invés de subir os preços no momento em que a inflação e os preços estão subindo, algumas empresas optam por reduzir o tamanho ou a quantidade do produto na apresentação dele para o consumidor.
Só que os fabricantes não divulgam de forma a ficar claro para os consumidores essa diminuição da quantidade do produto. Para atender as normas vigentes, divulgam de forma muito discreta, quase imperceptível ao mais descuidado. Isso, no vocabulário popular tem outro nome, que não vamos reproduzir aqui.
Além disso, há ainda a questão matemática de como a indústria comunica a reduflação, pois pelas normas atuais, o fabricante é obrigado a publicitar o percentual da redução, que é muito diferente do impacto financeiro caso o consumidor quisesse levar a quantidade original do produto. Por exemplo, redução de 20%, impacto de 25%. Redução de 10%, impacto de 12,5%.
Como isso pesa no bolso?
O resultado da reduflação é o consumidor pagando o mesmo valor ou mais por menos produto, o que reduz o poder de compra.
“É uma constatação econômica que ocorre quando os consumidores perdem poder de compra devido à redução do conteúdo da embalagem de determinado produto. O termo, originado nos Estados Unidos e cunhado como “shrinkflation”, combina as palavras “encolher” e “inflação”, explica Neto.
Além disso, explica Neto, a reduflação também pode ser vista como uma forma de mascarar a inflação, já que, em alguns casos, o preço dos produtos permanece o mesmo, mas a quantidade diminui. Na avaliação do especialista, este cenário impacta especialmente famílias de menor renda, já que altera itens da cesta básica.