Inflação oficial sobe 0,28% em novembro, puxada pela alta de alimentos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,28% em novembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Neste mês, o destaque foi o grupo de Alimentação e bebidas, que registrou a maior variação (0,63%) e o maior impacto (0,13 ponto percentual) no índice geral. No mês anterior, o IPCA havia fechado com alta de 0,24%. Em novembro de 2022, teve alta de 0,41%.

 

Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,68% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 4,04%.

 

O resultado veio quase em linha com as projeções do mercado financeiro, que esperavam ganho de 0,29% em outubro e de 4,69% em 12 meses. Além disso, o indicador retornou para dentro do intervalo das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central. A meta é de 3,25%, com tolerância entre 1,75% e 4,75%.

 

Em novembro, seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta. Além dos alimentos, os grupos de Habitação (0,48%) e Transportes (0,27%) tiveram as variações mais relevantes para a inflação oficial, contribuindo com 0,07 p.p. e 0,06 p.p., respectivamente.

 

No mês, há uma pequena distorção prevista para baixo em virtude da Balck Friday. É o caso das quedas em Vestuário (-0,35%), Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,50%).

 

Veja o resultado dos grupos do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: 0,63%;
  • Habitação: 0,48%;
  • Artigos de residência: -0,42%;
  • Vestuário: -0,35%;
  • Transportes: 0,27%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,08%;
  • Despesas pessoais: 0,58%;
  • Educação: 0,02%;
  • Comunicação: -0,50%.

 

Alimentos voltam a subir

Com alta mais importante, o grupo de Alimentação e bebidas acelerou em relação ao mês anterior, de 0,31% para os atuais 0,63%. A influência vem de uma subida de 0,75% no subgrupo Alimentação no domicílio, que engloba alimentos in natura, caso da cebola (26,59%), da batata-inglesa (8,83%), do arroz (3,63%) e das carnes (1,37%).

 

“As temperaturas mais altas e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país são fatores que influenciam a colheita de alimentos, principalmente os mais sensíveis ao clima, como é o caso dos tubérculos, dos legumes e das hortaliças” explica o gerente da pesquisa, André Almeida.

 

A Alimentação fora do domicílio subiu 0,32%, uma leve desaceleração em relação ao mês anterior (0,42%).

 

O grupo de Transportes teve mais um mês de alívio, mas com resultados mistos. Destacam-se as passagens aéreas por mais um mês como item com maior peso no índice geral. Em novembro, as passagens participaram com 0,14 p.p. do índice, e alta de 19,12% contra o mês anterior.

 

Por outro lado, os combustíveis tiveram deflação de 1,58% no mês. A gasolina caiu 1,69% e o etanol, 1,86%. Já o óleo diesel (0,87%) e o gás veicular (0,05%) tiveram alta em novembro.

 

Mesmo com um cenário mais ameno, os preços monitorados seguem pressionando a inflação. A variação acumulada em 12 meses dos itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos chega a 9,07%. A gasolina acumula alta de 11,30% na janela. Emplacamento e licença, outros 21,33%

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Já os Serviços voltaram a ter uma sensível aceleração, passando de 0,24% em outubro para 0,28% em novembro. Na janela de 12 meses, alta é de 6,05%. Em outubro, o acumulado era de 5,45%.

 

Em linha com as expectativas

Os números do IPCA vieram de acordo com as expectativas do mercado financeiro. Analistas já acreditam que será possível cumprir a meta de inflação de 2023, dentro do teto do intervalo. No boletim Focus, a projeção para o índice no ano recuou de 4,54% para 4,51% nesta semana.

 

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, a abertura dos dados mostra normalização de alguns produtos, após meses de inflação bastante reduzida. É o caso de alimentos e serviços, além de algum alívio vindo de uma alta mais leve dentro dos monitorados.

 

“O dado é muito bom, exceto a parte de alimentos que deve seguir pressionada nos próximos meses. Linhas importantes para o BC, como os núcleos de inflação e a inflação de serviços mostram uma situação bastante benigna”, afirma.

 

O economista Igor Cadilhac, do PicPay, aponta como possibilidade de baixas pelo bom contágio dos preços de bens sobre os demais, incluindo petróleo, pelo comportamento dos núcleos e sua inércia, e o combate à inflação de forma sincronizada mundo afora.

 

O analista monitora, por outro lado, o mercado de commodities agrícolas, incluindo os efeitos do El Niño, e aumentos salariais dado o baixo desemprego no país.

 

“A baixa média dos núcleos, em conjunto com os serviços subjacentes em patamar historicamente baixo, reforça um cenário desinflacionário mais consistente no curto prazo. Por outro lado, é importante reconhecer que o melhor momento dos alimentos ficou para trás. Este que parece ser o principal desafio para 2024”, diz o especialista.

 

INPC tem alta de 0,10% em novembro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve alta de 0,10% em novembro. Em outubro, houve alta de 0,12%.

 

Assim, o INPC acumula alta de 3,14% no ano e de 3,85% nos últimos 12 meses. Em novembro de 2022, a taxa foi de 0,38%.