Os juros bancários médios com recursos livres nas operações com pessoas físicas e empresas atingiu 38,1% ao ano em abril, informou nesta quarta-feira (27) o Banco Central.
Segundo a instituição, essa é a maior taxa desde abril de 2019, quando somou 38,3% ao ano, ou seja, em três anos. Em março deste ano, o juro médio estava em 37,4% ao ano.
O juro bancário médio com recursos livres não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O aumento do juro bancário é reflexo da alta da Selic, a taxa básica de juros da economia definida pelo Banco Central para tentar conter a disparada da inflação.
A taxa Selic passou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 13,25% ao ano, em junho deste ano, o maior patamar em mais de cinco anos.
- De acordo com o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas subiu de 21,6% ao ano, em em março, para 22,4% ao ano, em abril. É o maior valor desde novembro de 2017 (23% ao ano).
- Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 48,5% ao ano, em março, para 50,3% ao ano, em abril, o maior nível desde agosto de 2019 (50,9% ao ano).
Cheque especial e cartão de crédito
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa subiu de 127,8% ao ano, em março, para 132,7% ao ano, em abril. É a maior taxa desde janeiro de 2020, quando somou 140,8% ao ano.
Já nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 359,1% ao ano, em março, para 364% ao ano, em abril de 2021. Essa é a maior taxa desde agosto de 2017 (428% ao ano).
O crédito rotativo do cartão de crédito, cuja demanda em 2021 foi a maior em dez anos, pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
Crédito bancário
O volume total do crédito bancário em mercado, segundo o Banco Central, avançou 0,8% em abril deste ano, para R$ 4,81 trilhões.
Houve alta de 0,4% na carteira de pessoas jurídicas e aumento de 1,1% na de pessoas físicas.
07 a em cada 10 pessoas das classes C e D contrataram empréstimos este ano. A maioria tem renda entre R$ 800,00 e R$ 3.000,00.
No crédito para as famílias, destacou-se o aumento do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, com alta de 5,2% em abril – impulsionada pelo aumento recente da margem de consignação. Também houve aumento no de 2% nas operações de cartão de crédito.
Segundo Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, o crescimento do crédito brasileiro é “saudável”.
“As pessoas devem sempre procurar as melhores linhas de crédito em termos de prazos, mas é importante observarem também as taxas de juros”, acrescentou.
Em doze meses, o crescimento do volume total do crédito bancário atingiu 16,8% em abril, contra 16,5% em março.
Para todo este ano, o Banco Central estima uma expansão de 11,9% no crédito bancário. Em 2021, impulsionado por linhas emergenciais de crédito para o combate aos efeitos da pandemia, o crédito bancário teve alta de 16,5%.
Apesar de o volume total do crédito ter subido em abril, as concessões de novos empréstimos bancários registraram pequena queda de 0,2%.
Com isso, houve forte desaceleração em relação ao patamar de março, quando as concessões subiram 8,7%. O cálculo foi feito após ajuste sazonal, uma espécie de “compensação” para comparar períodos diferentes.
Inadimplência e endividamento
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu de 2,6% em março para 2,7% em abril.
Esse é o maior patamar desde julho de 2020 (2,8%), ou seja, sem quase dois anos.
- Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência subiu de 3,4%, em março, para 3,5% em abril — a mais alta desde junho de 2020 (3,6%).
- Já a inadimplência das empresas permaneceu inalterada em 1,5% em abril deste ano, a maior desde agosto de 2020 (1,8%).
“A gente viu uma tendência natural de crescimento da inadimplência no crédito livre [sem contar habitacional, BNDES e rural]. Nas linhas para pessoas físicas, houve crescimento da inadimplência no crédito não consignado e aquisição de veículos”, afirmou Fernando Rocha, do BC.
O Banco Central também divulgou nesta segunda estatísticas sobre o endividamento das famílias com bancos. Neste caso, os novos números são referentes a março deste ano.
Segundo o BC, o endividamento ficou estável naquele mês, ao somar 52,7% da renda acumulada nos doze meses anteriores.
Rocha, do Banco Central, observou, no trimestre encerrado em abril, o endividamento total das famílias oscilou “ao redor dos maiores níveis da série histórica [que começa em janeiro de 2005]”.
Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias estava em 41,7%.