Cerca de três em cada dez desempregados no Brasil estão em busca de uma recolocação no mercado de trabalho há mais de dois anos. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, ao final do 1º trimestre de 2022 o número de trabalhadores desempregados há mais de 2 anos era de 3,463 milhões – cerca de 29% do total de desempregados no país.
Trata-se da segunda maior proporção de desempregados há mais de 2 anos de toda a série da pesquisa, iniciada em 2012. Ela havia sido maior somente no trimestre anterior, o 4º de 2021, quando atingia cerca de 3,6 milhões dos desempregados, o que correspondia a 30,3% do total de brasileiros em busca de uma vaga no mercado naquele período.
O levantamento, realizado por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) é referente ao primeiro trimestre de 2022, quando o país registrava um contingente de mais de 11,9 milhões de desempregados.
Só é considerado desempregado aquele trabalhador que não está ocupado no mercado de trabalho, tem disponibilidade para trabalhar e está, efetivamente, em busca de uma vaga.
De acordo com o IBGE, ao final de março, a maior parte (40,8%) desses trabalhadores estava em busca de nova oportunidade de trabalho há mais de um mês, mas a menos de um ano.
Já a menor parcela (12,9%) estava na fila há mais de um ano, mas há menos de de 2 anos. Os que buscavam nova vaga há menos de um mês somavam 17,2% do total de desempregados.
De acordo com a analista da Pnad, Adriana Beringuy, o maior ou menor prazo de permanência na fila do desemprego “pode estar ligado a características etárias, de gênero, cor ou raça e nível de instrução”. Todavia, o IBGE ainda não fez esta análise desde que teve início a pandemia do coronavírus.
A última análise detalhada da fila de desemprego divulgada pelo IBGE foi referente ao ano de 2019, quando o país bateu o então recorde de desempregados tentando se recolocar no mercado de trabalho há mais de dois anos. Naquele ano, eles somavam 26,8% do total. Mulheres e idosos eram os mais afetados.
Quanto mais tempo desempregado, mais difícil a recolocação no mercado
A análise trimestral dos dados sugere que, quanto mais tempo o trabalhador fica desempregado, maior a dificuldade dele em conseguir uma recolocação no mercado de trabalho.
Historicamente, é na faixa de 1 mês a menos de um ano que se concentram a maioria dos desempregados no Brasil. No segundo trimestre de 2020, auge da crise provocada pela pandemia, os desempregados nesta faixa representavam 58% do total, proporção recorde de toda a série histórica da pesquisa.
Desde então, essa proporção diminuiu trimestralmente até o 4º trimestre de 2021, quando chegou a 39,4%. Ou seja, houve ligeiro aumento desse contingente na passagem para o 1º trimestre de 2022.
Na contramão, a proporção de desempregados há mais de 2 anos aumentou seguidamente entre o 2º trimestre de 2020 e o 4º trimestre de 2021.