O ambiente de juros altos e o crédito restrito continuam a pesar no orçamento das famílias – e têm piorado a situação para aqueles que já têm alguma dívida em atraso.
Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam que aproximadamente 45% dos consumidores chegaram em março com dívidas atrasadas por mais de 90 dias.
A porcentagem representa um aumento tanto em relação ao observado em fevereiro (44,2%) quanto em comparação ao mesmo mês de 2022 (44%) e, segundo a economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, já indica uma maior dificuldade de pagamento por parte das famílias.
Para ela, apesar de alguns indicadores terem mostrado certa “moderação” na comparação mensal – como é o caso do volume de famílias com dívidas em atraso, que caiu pelo quarto mês consecutivo e saiu de 29,8% em fevereiro para 29,4% no mês passado, por exemplo – os níveis ainda altos de famílias endividadas e comprometimento da renda continuam a trazer preocupação.
De acordo com a pesquisa, 78,3% das famílias estavam endividadas no país em março (o mesmo percentual visto em fevereiro). Desse total, 17,1% consideravam-se “muito endividadas” e 11,5% afirmaram que não terão condições de pagar seus compromissos.
“Temos mais gente atrasando por mais tempo, e os indicadores mostram que apesar de o consumidor se esforçar para pagar suas contas em dia, quando ele atrasa, mais dificuldade ele tem para pagar”, explica a economista.
“Isso porque além de os juros estarem altos, esse consumidor não consegue linhas melhores porque o sistema financeiro está retraído na concessão para ele – ainda mais se ele já estiver com algum compromisso atrasado”, acrescenta Ferreira.