O número de mortes por câncer de próstata bateu recorde recentemente no Paraná. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2023 foi registrado o equivalente a três mortes de paranaenses por dia em decorrência da doença. E mais: desde o início do século o número de óbitos causados pela neoplasia praticamente dobrou no estado.
O penúltimo mês do ano, então, é uma ocasião especial para se ressaltar a necessidade de cuidados, por conta da campanha do Novembro Azul. Trata-se de um movimento que começou em 2003, na Austrália, e que dedica o mês à saúde do homem, com campanhas em vários países. E a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) tem aproveitado a iniciativa para alertar sobre os riscos de crescimento dos casos de câncer de próstata.
No caso paranaense, os números extraídos do SIM revelam que no ano passado um total de 1.136 óbitos foram atribuídos à neoplasia maligna da próstata. 2023, então, foi o ano com a maior quantidade de mortes em decorrência da doença desde o início da série histórica, em 1979. Além disso, os registros avançaram de forma expressiva ao longo das últimas décadas.
Em 2001 (primeiro ano do século XXI), por exemplo, haviam sido registradas 595 mortes por conta desse tipo de câncer no Paraná. Em pouco mais de duas décadas, então, houve uma alta de 90,9% nas ocorrências. Além disso, os registros de óbitos por neoplasia maligna da próstata registram altas consecutivas desde 2020, sendo que 2021 foi o primeiro ano da série histórica em que mais de 1 mil óbitos foram registrados num único ano.
Paraná é o sexto estado com mais mortes por câncer de próstata
Em todo o país, foram registrados 17.093 mortes por câncer de próstata em 2023. Isso representa uma média de 47 homens falecendo devido à neoplasia por dia. E entre todos os estados e o Distrito Federal, o Paraná é a sexta unidade federativa com mais registros de falecimentos, em número absoluto.
Como já citado, 1.136 homens faleceram no Paraná por conta da doença no ano passado. Ao longo do século (2001 a 2023), o total de óbitos já chega a 19.729.
Em 2023, apenas os estados de São Paulo (3.464), Minas Gerais (1.804), Rio de Janeiro (1.614), Bahia (1.558) e Rio Grande do Sul (1.224) registraram mais mortes que o Paraná.
Já no Século XXI, os paranaenses novamente só ficam atrás de São Paulo (64.729), Rio de Janeiro (31.135), Minas Gerais (30.717), Rio Grande do Sul (23.794) e Bahia (23.114).
Diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura
A SBU destaca que o diagnóstico tardio é um fator que reduz as chances de cura e aumenta a letalidade do problema. Para prevenir a doença e detectá-la em estágio inicial, é importante a realização periódica de exames e consulta com o especialista, destaca a entidade.
“No Brasil, a mulher vive em média mais sete anos do que o homem. E isso acontece porque a menina acaba [as consultas] com o pediatra e vai para o ginecologista. O menino acaba com o pediatra e não vai para lugar nenhum. Ele fica totalmente sem alguém para cuidar dele, até que ele chegue na idade adulta e que, muitas vezes sem estar informado de tudo o que pode acontecer, acaba tendo tumores oncológicos em estágios mais avançados”, explica o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres.
A entidade destaca ser importante que adolescentes e adultos jovens façam exames anuais sobre suas condições de saúde. “Não falando apenas de urologia, a saúde geral do homem, diabetes, hipertensão, colesterol, vida sedentária, obesidade, são fatores que estão aliados a tumores como o câncer de próstata. A importância de o homem fazer os exames e ter cuidado com a sua saúde é diagnosticar doenças numa fase inicial e poder tratá-las”, diz ainda Torres.
Uma das propostas da SBU na campanha Novembro Azul deste ano é chamar a atenção para o fato de que o câncer de próstata apresenta poucos sintomas em sua fase inicial. Por isso, se o homem esperar por sintomas, pode descobrir a doença em estágio avançado e possivelmente em metástase (quando as células cancerígenas se espalham para outros órgãos).