O pior da inflação no Brasil já passou, afirma presidente do Banco Central

presidente bacen 28_06O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira que “o pior da inflação no Brasil já passou” e que “grande parte do trabalho já foi feito”, em referência ao aperto monetário. A avaliação foi feita durante o X Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal.

 

“A gente ainda tem no Brasil um componente de aceleração [de inflação]. Os últimos dois números foram, pela primeira vez, dentro da expectativa, a gente acha que o pior da inflação no Brasil já passou. A gente tem algumas medidas sendo desenhadas pelo governo, que a gente precisa entender qual vai ser o efeito disso no processo inflacionário, ainda não está claro”, disse.

 

“Mas é importante dizer que o Brasil fez o processo antecipado, acreditamos que a nossa ferramenta é capaz de frear o processo inflacionário e vai frear. A gente acha que grande parte do trabalho já foi feito”, complementou.

 

Campos Neto também afirmou que a inflação brasileira sempre ficou acima de países desenvolvidos e que atualmente está dentro da média histórica dos últimos 20 anos.

 

Em apresentação no X Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal, Campos mostrou um gráfico com a diferença da inflação brasileira em relação à média do mundo desenvolvido.

 

“O Brasil quase sempre trabalhou com uma média de inflação acima do mundo desenvolvido [nos últimos 20 anos]. Ao contrário do processo inflacionário de 2013, 2014 e 2015, quando a inflação do Brasil cresceu muito acima da média mundial, essa nossa inflação está até relativamente abaixo da mediana histórica”, disse.

 

“Essa inflação tem um componente global forte e mostra que o Brasil está na média do que sempre esteve nos últimos 20 anos”, avaliou. “É óbvio que temos que combater a inflação, não vamos olhar para o que está acontecendo fora e usar isso como qualquer tipo de desculpa, mas é importante conhecer os componentes”, complementou.

 

Campos comentou ainda sobre um estudo global que mostra que as empresas aumentaram salários e benefícios de funcionários. “Tem um tema importante para inflação, se vai ser persistente ou não, que é se eu estou indexando salários ou não. A gente começa a ver esse processo, não estamos vendo isso no Brasil ainda, mas vemos uma contaminação grande em salários [no mundo]”, ressaltou.

 

Alta dos juros

O presidente do Banco Central também afirmou nesta segunda-feira que, enquanto outros países estão em “claro” processo de elevação dos juros para conter a inflação, o Brasil “já está muito perto de ter feito o trabalho todo”.

 

No último dia 15, porém, o Banco Central aumentou para 13,25% a taxa básica de juros da economia, maior percentual desde dezembro de 2016. Este foi o 11º aumento seguido da taxa.

 

“Acreditamos que a nossa ferramenta é capaz de frear esse processo inflacionário, e vai frear esse processo inflacionário. E a gente acha que grande parte do trabalho já foi feito”, disse Campos Neto.

 

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