Hoje na festa de pentecostes, a Igreja celebra a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos.
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Mas, afinal, quem é o Espírito Santo?
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o Espírito Santo é a “Terceira Pessoa da Santíssima Trindade”. Quer dizer, havendo um só Deus, existem nele três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta verdade foi revelada por Jesus em seu Evangelho.
Assim, para mim, crédulo convicto, o Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é a alma da minha alma, a vida da minha vida, o ser de meu ser; é o meu santificador, o hóspede do meu interior mais profundo. Para chegar à maturação na vida de fé é preciso que a relação com Ele seja cada vez mais consciente mais pessoal. Nesta celebração de Pentecostes abramos as portas de nosso interior de par em par.
Um dos papéis mais importantes do Espírito Santo é testemunhar da verdade, especialmente sobre Jesus Cristo e Sua divindade. É somente através do Espírito Santo que podemos receber um testemunho de que Jesus Cristo é o Filho de Deus e o Redentor do Mundo.
O próprio Jesus ensinou sobre a responsabilidade do Espírito Santo de fazer isso ao dizer: “quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, a saber, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim”.
Antes da Paixão o próprio Jesus prometeu que o Pai enviaria a seus discípulos o “Paráclito” (Jo 14,16). Como todos nós sabemos, Jesus usava palavras e imagens populares, com o objetivo de que o povo mais simples O entendesse. Assim falou do Espírito Santo, chamando-o de Paráclito. Esta palavra vem do grego e significa mais ou menos isso: “aquele que fica ao lado”.
Este termo, paráclito, vem já dos tempos antigos e era uma palavra usada nos tribunais. Naquela época os acusados não tinham advogados de defesa e nem de acusação. Eles mesmos precisavam se defender sozinhos e conseguir testemunhas que pudessem comprovar a sua inocência. Acontecia, porém, – como era de se esperar – que muitas dessas pessoas, mesmo sendo inocentes, não conseguiam provar que o eram, ou porque suas testemunhas eram “fracas” ou porque seus argumentos não convenciam. Muitos deles eram condenados injustamente.
Ocorria, porém, que essa situação podia ser mudada. Caso houvesse alguém presente na assembleia, que fosse uma pessoa com uma fama irrepreensível, considerada como totalmente verdadeira e honesta, isenta de qualquer erro, esta pessoa podia interceder por quem estava sendo acusado.
Deste modo, esta pessoa com uma excelente fama levantava-se e ia ao encontro do acusado, colocando-se ao seu lado, sem dizer sequer uma palavra. Ficava em silêncio, mas sua presença, com sua fama honesta e verdadeira, bastava como uma garantia de que o acusado era inocente. Não precisava dizer nada. Esta pessoa era conhecida nos tribunais como PARÁCLITO, ou seja, como aquele “que se colocava ao lado” e que intercedia.
Quando Jesus disse que “O Pai vos dará outro Paráclito”, ele quis dizer que nos seria enviado o advogado defensor que, pondo-se de parte dos que são culpáveis devido a seus pecados, os defende do castigo merecido, os salva do perigo de perder a vida e a salvação eterna. O Espírito Santo é chamado “outro paráclito” porque continua fazendo operante a redenção com a que Cristo nos livrou do pecado e da morte eterna.
Assim entendemos porque Jesus chamou o Espírito Santo de Paráclito e prometeu que Ele ficaria ao nosso lado. Ele é e será sempre o nosso DEFENSOR.
Por ter vivido na terra na forma humana, sempre que precisamos, costumamos invocar Cristo. Mas o próprio Cristo falou que subiria aos céus e estaria à direta de Deus Pai Todo Poderoso. Assim, creio ser oportuno repensar a quem recorrer quando em nossas necessidades. É ao Espírito Santo – O PARÁCLITO – a quem devemos invocar de imediato, pois como o próprio Cristo falou, é Ele que sempre estará ao nosso lado.
Cândido Lourençon – Teólogo
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